São Paulo, segunda-feira, 08 de maio de 2000


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JUSTIÇA
Wedson de Morais confessou duplo homicídio nos EUA
Brasileiro pode ser condenado à morte em corte californiana

ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
de San Francisco

Começa hoje em Modesto (Califórnia, oeste dos EUA) a segunda fase do julgamento do goiano Wedson Rosa de Morais, assassino confesso de um casal de professores aposentados, avós da mulher dele. Wedson pode ser condenado à morte.
No dia 13 de janeiro de 1997, ele matou Gerrald e Amelia Hunt, ambos de 79 anos, com cerca de 30 facadas em cada um. Foi preso aos prantos, coberto de sangue, em frente à casa onde os crimes aconteceram, na pequena cidade de Newton (4,1 mil habitantes).
Em março passado, numa primeira etapa do processo, Wedson, 36, já foi considerado culpado. O júri, de 12 pessoas, levou menos de uma hora para chegar à decisão. Agora será definida a pena -prisão perpétua ou morte por injeção letal.
Uma série de agravantes complicam a situação de Wedson, que já tentou o suicídio na cadeia.
Os assassinatos foram por motivo banal: uma dívida de combustível de R$ 1,2 mil. Wedson trocou de faca duas vezes, quando as pontas dobraram depois de golpes mais fortes (o que caracteriza, pela lei californiana, um tipo de premeditação). E ele morava de favor na casa das vítimas, que, o brasileiro admite, o ajudaram muito, mas nos últimos tempos lhe inflingiam humilhações constantes e proibiam até que falasse português com os dois filhos.
Parentes de Wedson que vieram do Brasil para o julgamento se dizem chocados com o que consideram falta de empenho da defesa. Segundo uma tia do brasileiro, Luzinete de Morais Veríssimo, o advogado deveria ter mostrado ao júri que Wedson herdou da mãe a psicose maníaco-depressiva, um distúrbio que leva a mudanças repentinas de estado emocional.
O advogado, Nicholas Palmisano, afirma que alegações de doença mental não seriam aceitas na primeira fase do julgamento, que definiu a culpa. Mas ganham importância nesta segunda etapa, de decisão da pena. Ele promete um depoimento "fascinante" de um psiquiatra sobre os antecedentes clínicos e familiares do brasileiro.
Palmisano foi indicado pela Estado da Califórnia para defender Wedson, e esteve em Anápolis (GO), cidade do réu, em busca de subsídios para a defesa.
Mesmo que o júri determine a pena de morte, cabe ainda uma série de recursos, que em muitas vezes levam mais de 20 anos.
Wedson de Morais veio para os EUA em 1982, e conheceu a professora Jean Cardoza numa festa da comunidade brasileira em 1988. Casaram-se, no Brasil, dois anos depois. Tiveram dois filhos, Naio, 7, e Tavio, 5.
Viveram anos tumultuados entre Goiás e a Califórnia, até se decidirem por esta última, porque Jean não se acostumava à "pobreza" brasileira. Na época dos crimes, Wedson e Jean tinham acompanhamento psicológico para casais com problemas.
A comunidade goiana é a mais numerosa entre os brasileiros do centro-norte da Califórnia.


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