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JUSTIÇA
Wedson de Morais confessou duplo homicídio nos EUA
Brasileiro pode ser condenado à morte em corte californiana
ÁLVARO PEREIRA JÚNIOR
de San Francisco
Começa hoje em Modesto (Califórnia, oeste dos EUA) a segunda fase do julgamento do goiano
Wedson Rosa de Morais, assassino confesso de um casal de professores aposentados, avós da
mulher dele. Wedson pode ser
condenado à morte.
No dia 13 de janeiro de 1997, ele
matou Gerrald e Amelia Hunt,
ambos de 79 anos, com cerca de
30 facadas em cada um. Foi preso
aos prantos, coberto de sangue,
em frente à casa onde os crimes
aconteceram, na pequena cidade
de Newton (4,1 mil habitantes).
Em março passado, numa primeira etapa do processo, Wedson, 36, já foi considerado culpado. O júri, de 12 pessoas, levou
menos de uma hora para chegar à
decisão. Agora será definida a pena -prisão perpétua ou morte
por injeção letal.
Uma série de agravantes complicam a situação de Wedson, que
já tentou o suicídio na cadeia.
Os assassinatos foram por motivo banal: uma dívida de combustível de R$ 1,2 mil. Wedson trocou
de faca duas vezes, quando as
pontas dobraram depois de golpes mais fortes (o que caracteriza,
pela lei californiana, um tipo de
premeditação). E ele morava de
favor na casa das vítimas, que, o
brasileiro admite, o ajudaram
muito, mas nos últimos tempos
lhe inflingiam humilhações constantes e proibiam até que falasse
português com os dois filhos.
Parentes de Wedson que vieram do Brasil para o julgamento
se dizem chocados com o que
consideram falta de empenho da
defesa. Segundo uma tia do brasileiro, Luzinete de Morais Veríssimo, o advogado deveria ter mostrado ao júri que Wedson herdou
da mãe a psicose maníaco-depressiva, um distúrbio que leva a
mudanças repentinas de estado
emocional.
O advogado, Nicholas Palmisano, afirma que alegações de doença mental não seriam aceitas na
primeira fase do julgamento, que
definiu a culpa. Mas ganham importância nesta segunda etapa, de
decisão da pena. Ele promete um
depoimento "fascinante" de um
psiquiatra sobre os antecedentes
clínicos e familiares do brasileiro.
Palmisano foi indicado pela Estado da Califórnia para defender
Wedson, e esteve em Anápolis
(GO), cidade do réu, em busca de
subsídios para a defesa.
Mesmo que o júri determine a
pena de morte, cabe ainda uma
série de recursos, que em muitas
vezes levam mais de 20 anos.
Wedson de Morais veio para os
EUA em 1982, e conheceu a professora Jean Cardoza numa festa
da comunidade brasileira em
1988. Casaram-se, no Brasil, dois
anos depois. Tiveram dois filhos,
Naio, 7, e Tavio, 5.
Viveram anos tumultuados entre Goiás e a Califórnia, até se decidirem por esta última, porque
Jean não se acostumava à "pobreza" brasileira. Na época dos crimes, Wedson e Jean tinham
acompanhamento psicológico
para casais com problemas.
A comunidade goiana é a mais
numerosa entre os brasileiros do
centro-norte da Califórnia.
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