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JOGATINA
Montante se refere ao ISS que não foi pago desde 1995 e que já é cobrado na Justiça pela administração paulistana
Bingos devem R$ 108 mi para a prefeitura
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL
A principal prefeitura administrada pelo PT, partido que defendia os bingos antes da eclosão do
caso Waldomiro Diniz, é credora
de pelo menos R$ 108 milhões de
empresários do setor.
A dívida, referente ao não-pagamento do ISS (Imposto Sobre
Serviços) à Prefeitura de São Paulo de 1995 a março deste ano, é
cinco vezes maior do que o dinheiro que os bingos de todo o
país declaram ter repassado a entidades esportivas no ano retrasado (R$ 18 milhões). O número de
2003 ainda não foi fechado. O repasse ao esporte foi a justificativa
"social" para a regulamentação
dos bingos pela Lei Pelé, em 1998.
Os R$ 108.591.333,54, valor próximo ao orçamento do Ministério
do Esporte para 2004, é a soma
das dívidas do ISS que 25 donos
de bingos têm com a administração Marta Suplicy e cujos processos já foram para a dívida ativa
(cobrança judicial). O montante
seria suficiente para construir
cinco CEUs, a obra de maior visibilidade da petista em São Paulo.
O valor pode ser ainda mais expressivo, pois a maioria dos 125
bingos filiados à Abrabin (Associação Brasileira dos Bingos) na
cidade de São Paulo não pagou o
ISS cobrado pela prefeitura. Muitos ainda questionam a dívida na
esfera administrativa. Outros, já
entraram na Justiça.
Os donos de bingos que lideram o ranking da dívida dizem
que há falhas na cobrança. Alegam que os fiscais da prefeitura
usaram valores incorretos para
calcular o débito. "Essa dívida é
um absurdo", diz Olavo Salles,
presidente da Abrabin.
Somente os cinco maiores devedores do ISS têm R$
79.426.630,81 de dívidas acumuladas.
Alguns deles, como o Pamplona,
o Olido e o Tatuapé, reabriram
suas portas nos últimos dias, depois que a MP (medida provisória) que determinava o fechamento das casas foi derrubada pelo Senado, na última quarta.
Lula e o bingos
Aliados do PT facilitaram a queda da MP no Senado, gerando críticas dentro do governo. Foi o
próprio presidente que, em carta
enviada ao Congresso três dias
antes da eclosão do caso Waldomiro Diniz, ressaltou a importância dos bingos como fonte de recursos para fomentar o esporte.
Diniz foi flagrado em vídeo de
2002, época em que presidia a Loterj (Loteria do Estado do Rio de
Janeiro), pedindo propina a um
empresário de jogos. Divulgada
em fevereiro, quando Diniz era
homem de confiança do ministro
da Casa Civil, José Dirceu, a fita
provocou sua demissão.
A Secretaria das Finanças do
governo Marta não tem um cálculo do tamanho total da dívida
do setor de bingo. Diz que "não
há como estratificar os maiores
devedores por categoria econômica". Também não soube informar se as empresas estão inadimplentes em outros impostos.
Em nota divulgada à Folha, a
secretaria diz que a Procuradoria
Geral do Município está autorizada a ajuizar execuções fiscais visando à cobrança dos débitos -o
que tem ocorrido. Mas que, a partir desse momento, o processo
tramita de acordo com os prazos
do Poder Judiciário.
Com os recursos previstos em
lei, as decisões definitivas podem
demorar mais de cinco anos. A
Justiça paulista já deu liminares
(decisões provisórias) que permitiram a alguns proprietários de
bingos manterem suas casas
abertas sem o pagamento do ISS.
Mas não houve até este momento
nenhuma decisão definitiva.
Donos de bingos que desejem
quitar sua dívida podem parcelar
o débito, mesmo estando inscritos na dívida ativa do município.
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