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PATRIMÔNIO
Verba servirá para reforçar a segurança do acervo; direção da instituição diz ter R$ 810 mil não repassados pela UFRJ
Após furto, MEC libera R$ 760 mil a museu
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Em um dia, o Museu Nacional
conseguiu o que vinha tentando
em vão havia oito meses. Depois
da repercussão do furto de 13
obras raras da biblioteca da instituição e da danificação de outras
11, o Ministério da Educação
anunciou, ontem, a liberação
imediata de R$ 760 mil para reforço da segurança do edifício do
museu, na Quinta da Boa Vista
(zona norte do Rio).
O dinheiro é parte de uma verba
de R$ 3 milhões que o ministério
promete liberar nos próximos
meses para o enfrentamento dos
principais problemas do museu,
que reúne um dos maiores acervos brasileiros de história natural.
O MEC também promete dar
prioridade ao que chama de Projeto Museu Nacional. Somando
dinheiro do Orçamento da União
a recursos captados na iniciativa
privada, por meio da Lei Rouanet,
o museu receberia R$ 20 milhões
nos próximos três anos para
construir quatro prédios anexos,
transferir seus acervos para esses
prédios e concluir a restauração
do palácio do século 18 que é a sua
sede.
Com recursos da Petrobras e da
Fundação Vitae, já foram recuperados quase todos os telhados do
palácio, que foi residência da família imperial, e está sendo restaurado o pátio interno. Mas seis
salas de exposições estão fechadas
há mais de dois anos porque têm
até buracos no chão.
A direção do museu alega que
tem R$ 810 mil não repassados
pela UFRJ (Universidade Federal
do Rio de Janeiro), responsável
pela instituição, que não tem orçamento próprio e depende de repasses. A reitoria da UFRJ não foi
localizada para comentar o caso.
Em nota oficial sobre o crime na
biblioteca, emitida à tarde, a UFRJ
manifestou seu "inconformismo
diante dos acontecimentos" e
afirmou que "não poupará esforços para resolver os problemas
mais emergentes" do museu.
Segundo o Iphan (Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional), o Ministério da Cultura investiu em seus 40 museus R$
21,8 milhões em 2003 e está investindo R$ 17 milhões neste ano.
MEC e Minc estão criando um
plano para recuperar também os
35 museus universitários.
Com os R$ 760 mil, será posto
em prática um plano de dez medidas. Entre elas estão a instalação
de circuitos internos de TV e centrais de alarme de incêndio no palácio e no prédio da biblioteca, a
informatização do controle de
acesso dos visitantes e o aumento
do número de vigilantes.
Ontem, a Polícia Federal iniciou
suas investigações sobre o crime.
O delegado Júlio César Fernandes
dos Santos, da Delegacia de Repressão a Crimes contra Meio
Ambiente e Patrimônio Histórico, esteve na biblioteca acompanhado de um perito, mas não
conseguiu pistas. "A perícia não
pôde ajudar, pois o local já foi
muito alterado. Vamos começar a
convocar para prestar depoimentos os funcionários da biblioteca e
visitantes freqüentes", disse.
A consulta do público às obras
raras está suspensa.
Ministro
O ministro da Cultura, Gilberto
Gil, não vai tomar nenhuma medida especial em relação ao roubo
de livros raros descoberto nesta
semana no Museu Nacional.
Durante uma solenidade no pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo,
ontem pela manhã, Gil disse que o
roubo "revela a fragilidade das
instituições culturais".
Segundo o ministro, essas deficiências aparecem em outras situações. "Há perigo de incêndio
no Museu Nacional de Belas Artes. Há goteiras no Museu de Arte
Moderna do Rio", afirmou ele.
Entretanto Gil disse, sem indicar ações efetivas, que são necessários mais recursos para essas
instituições. "Há uma falta de
mentalidade em relação à preservação. É preciso ter mais dinheiro, pois já sabemos da fragilidade
do sistema brasileiro".
Colaborou FABIO CYPRIANO, da Reportagem Local
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