São Paulo, domingo, 08 de maio de 2005

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SAÚDE/MEDICINA FETAL

Exame é feito na 11ª semana de gestação; possibilidade de acerto aumenta de 80% para 93%

Análise do sangue mostra chances de bebê ter Down

FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um exame de sangue feito na 11ª semana de gestação, em conjunto com a ultra-sonografia, aumenta de 80% para 93% o acerto do cálculo de risco de a mulher estar grávida de um bebê portador da síndrome de Down.
Sem esse exame, as gestantes faziam uma ultra-sonografia e analisavam a quantidade de líquido acumulado na nuca do bebê por meio de um procedimento chamado TN (translucência nucal).
Nesses casos, o percentual de acerto é de 80%. Na existência do risco, as gestantes eram orientadas a fazer a amniocentese (coletar líquido da placenta) para confirmar o diagnóstico da síndrome. Esse procedimento, apesar de ter 98% de eficácia, é invasivo e tem risco de 2% de ocorrer aborto.
Por se tratar de um rastreamento, os resultados não são um diagnóstico fechado, mas sim indicam a probabilidade de ocorrência de gestação de bebê com a síndrome. Especialistas ouvidos pela Folha ressaltam que um resultado negativo não exclui a possibilidade de o bebê nascer com Down, apenas significa que a probabilidade de uma gestação afetada é menor.
Com a análise do sangue, a sensibilidade do exame aumenta para 93% e, com isso, menos gestantes precisam passar pela coleta do líquido da placenta.
Para Adolfo Liao, especialista em medicina fetal da USP, essa é a vantagem da análise. "A gestante só precisará fazer o exame da placenta se ficar realmente comprovado que as chances de ela ter um bebê com Down são grandes."
Após a coleta do sangue, são analisados dois componentes: o hormônio beta-HCG (que permite o diagnóstico da gravidez) e a proteína PAPP-A (proteína-A plasmática associada à gravidez).
Nos casos de bebê com a síndrome, a mãe produz menos proteína PAPP-A e mais fração beta-HCG, explica David Pares, especialista em medicina fetal do laboratório Fleury, de São Paulo.
O geneticista clínico Eduardo Vieira Neto, da clínica LDE, fez um estudo com 3.500 gestantes para confirmar a eficácia do exame e foi premiado pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica. "Esse exame é mais difundido nos países em que a prática do aborto é liberada." Em média, o exame do sangue custa R$ 300.
O ginecologista Flávio Oliveira diz que é importante que a gestante saiba dos riscos no começo da gravidez para que, em caso positivo, ela se prepare psicologicamente para receber um bebê que precisará de cuidados especiais.
Já o ginecologista e obstetra Marcelo Zugaib, chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas de São Paulo, afirma conhecer o exame, mas diz não estar convencido de seus resultados em mulheres brasileiras. "O exame é relativamente novo e não ficou demonstrada ainda a sua vantagem com relação ao seu custo-benefício", diz Zugaib, que afirmou desconhecer estudos nesse sentido.
A síndrome de Down é uma anomalia genética conhecida cientificamente como trissomia do cromossomo 21. Cada célula do corpo possui 46 cromossomos, divididos entre 23 pares. Se o par 21 abrigar três cromossomos em vez de dois, desencadeará a anomalia, e o bebê terá um atraso no desenvolvimento das funções motoras e mentais. Não há cura nem tratamento para a doença.


Onde fazer o exame: Fleury (www.fleury.com.br), Laboratório DLE (www.dle.com.br), Clínica FGO (www. yoni.com.br)


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