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SAÚDE/MEDICINA FETAL
Exame é feito na 11ª semana de gestação; possibilidade de acerto aumenta de 80% para 93%
Análise do sangue mostra chances de bebê ter Down
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um exame de sangue feito na 11ª
semana de gestação, em conjunto
com a ultra-sonografia, aumenta
de 80% para 93% o acerto do cálculo de risco de a mulher estar
grávida de um bebê portador da
síndrome de Down.
Sem esse exame, as gestantes faziam uma ultra-sonografia e analisavam a quantidade de líquido
acumulado na nuca do bebê por
meio de um procedimento chamado TN (translucência nucal).
Nesses casos, o percentual de
acerto é de 80%. Na existência do
risco, as gestantes eram orientadas a fazer a amniocentese (coletar líquido da placenta) para confirmar o diagnóstico da síndrome.
Esse procedimento, apesar de ter
98% de eficácia, é invasivo e tem
risco de 2% de ocorrer aborto.
Por se tratar de um rastreamento, os resultados não são um diagnóstico fechado, mas sim indicam
a probabilidade de ocorrência de
gestação de bebê com a síndrome.
Especialistas ouvidos pela Folha
ressaltam que um resultado negativo não exclui a possibilidade de
o bebê nascer com Down, apenas
significa que a probabilidade de
uma gestação afetada é menor.
Com a análise do sangue, a sensibilidade do exame aumenta para 93% e, com isso, menos gestantes precisam passar pela coleta do
líquido da placenta.
Para Adolfo Liao, especialista
em medicina fetal da USP, essa é a
vantagem da análise. "A gestante
só precisará fazer o exame da placenta se ficar realmente comprovado que as chances de ela ter um
bebê com Down são grandes."
Após a coleta do sangue, são
analisados dois componentes: o
hormônio beta-HCG (que permite o diagnóstico da gravidez) e a
proteína PAPP-A (proteína-A
plasmática associada à gravidez).
Nos casos de bebê com a síndrome, a mãe produz menos proteína PAPP-A e mais fração beta-HCG, explica David Pares, especialista em medicina fetal do laboratório Fleury, de São Paulo.
O geneticista clínico Eduardo
Vieira Neto, da clínica LDE, fez
um estudo com 3.500 gestantes
para confirmar a eficácia do exame e foi premiado pela Sociedade
Brasileira de Patologia Clínica.
"Esse exame é mais difundido nos
países em que a prática do aborto
é liberada." Em média, o exame
do sangue custa R$ 300.
O ginecologista Flávio Oliveira
diz que é importante que a gestante saiba dos riscos no começo
da gravidez para que, em caso positivo, ela se prepare psicologicamente para receber um bebê que
precisará de cuidados especiais.
Já o ginecologista e obstetra
Marcelo Zugaib, chefe do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital das Clínicas de
São Paulo, afirma conhecer o exame, mas diz não estar convencido
de seus resultados em mulheres
brasileiras. "O exame é relativamente novo e não ficou demonstrada ainda a sua vantagem com
relação ao seu custo-benefício",
diz Zugaib, que afirmou desconhecer estudos nesse sentido.
A síndrome de Down é uma
anomalia genética conhecida
cientificamente como trissomia
do cromossomo 21. Cada célula
do corpo possui 46 cromossomos, divididos entre 23 pares. Se o
par 21 abrigar três cromossomos
em vez de dois, desencadeará a
anomalia, e o bebê terá um atraso
no desenvolvimento das funções
motoras e mentais. Não há cura
nem tratamento para a doença.
Onde fazer o exame: Fleury
(www.fleury.com.br), Laboratório DLE
(www.dle.com.br), Clínica FGO (www.
yoni.com.br)
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