São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2008

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Motoristas param por 3 h e ameaçam iniciar greve na próxima 2ª

Segundo a prefeitura, foram paralisadas 430 das 978 linhas de ônibus; SPTrans não divulgou número de passageiros prejudicados

Sindicato de motoristas e cobradores, que pede reajuste salarial de 10,54%, fará assembléia na sexta; empresas oferecem 4,56%,

DA REPORTAGEM LOCAL

Motoristas e cobradores paralisaram ontem, por mais de três horas, cerca de 430 das 978 linhas de ônibus de São Paulo, segundo a prefeitura, o que representa 44% do total. O sindicato da categoria pede às empresas reajuste salarial de 10,54% e ameaça entrar em greve a partir de segunda-feira, caso não haja acordo em reunião marcada para hoje, às 10h, com o sindicato patronal.
A SPTrans (São Paulo Transporte) não divulgou balanço oficial do número de passageiros prejudicados pelo protesto, que deixou terminais vazios e pontos de ônibus lotados.
Das 11h às 14h30, foram recolhidos cerca de 70% dos coletivos de 618 linhas, que transportam mais da metade dos passageiros da cidade -são aproximadamente 6 milhões nos horários de pico-, segundo o secretário Alexandre de Moraes (Transportes). Conforme o sindicato, houve adesão dos motoristas em 29 das 30 garagens.
O secretário sobrevoou os terminais e pediu intervenção da Polícia Militar em dois deles -Varginha e Grajaú-, onde "piqueteiros" impediam a entrada de microônibus e lotações que não participavam da manifestação. Os prejuízos, segundo Moraes, foram maiores na zona sul -empresas da zona leste, disse ele, conseguiram alterar escalas de trabalho e desmobilizar parte dos motoristas.

"Patifaria"
Não houve registro de incidentes, mas quem tinha compromisso não demonstrava tranqüilidade. "Tinha uma entrevista de emprego e não sabia da greve. O jeito foi pegar metrô e lotação. Fazer isso com o cidadão é uma patifaria", disse Diogo Rodrigues, 23.
A situação só voltou ao normal no meio da tarde. Embora tenha minimizado os efeitos da paralisação -por ter ocorrido fora do horário de pico-, Moraes disse que entrará com ação judicial pedindo punição ao sindicato dos motoristas pelos prejuízos. Ele espera que o impasse se resolva hoje.
O Sindmotoristas (sindicato que reúne motoristas e cobradores) pede reajuste de 5,54%, correspondentes ao acumulado da inflação anual segundo o INPC/IBGE, mais 5% de reajuste real. Atualmente, motoristas recebem R$ 1.279 -cobradores, R$ 700. A data-base para o acordo venceu em 1º de maio, mas não houve acerto.
Ontem, uma semana após manifestação semelhante, o SPUrbanuss (sindicato das empresas) propôs reajuste de 4,56%, com base em índice do Dieese (departamento intersindical de estatística). A proposta foi considerada uma "provocação" pelos motoristas, que podem deflagrar greve em assembléia na sexta-feira.

Eleições
Secretário e empresas, que se reuniram à tarde, dizem acreditar em motivação política, já que o Sindmotoristas fará eleições nos dias 15 e 16 de maio. A atual gestão, ligada à Nova Central Sindical, concorre com uma chapa ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
O Sindmotoristas diz que "SPTrans e prefeitura querem se isentar de suas obrigações" e que os empresários estariam usando a iminência de greve para barganhar na negociação que travam desde março com a prefeitura, por reajuste do subsídio por quantidade de passageiros transportados.
O secretário negou que vá conceder reajuste maior que os 4,24% previstos em contrato e disse que não há possibilidade de aumento da tarifa de ônibus.


Colaborou o "Agora"


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