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Motoristas param por 3 h e ameaçam iniciar greve na próxima 2ª
Segundo a prefeitura, foram paralisadas 430 das 978 linhas de ônibus; SPTrans não divulgou número de passageiros prejudicados
Sindicato de motoristas e cobradores, que pede reajuste salarial de 10,54%, fará assembléia na sexta; empresas oferecem 4,56%,
DA REPORTAGEM LOCAL
Motoristas e cobradores paralisaram ontem, por mais de
três horas, cerca de 430 das 978
linhas de ônibus de São Paulo,
segundo a prefeitura, o que representa 44% do total. O sindicato da categoria pede às empresas reajuste salarial de
10,54% e ameaça entrar em
greve a partir de segunda-feira,
caso não haja acordo em reunião marcada para hoje, às 10h,
com o sindicato patronal.
A SPTrans (São Paulo Transporte) não divulgou balanço
oficial do número de passageiros prejudicados pelo protesto,
que deixou terminais vazios e
pontos de ônibus lotados.
Das 11h às 14h30, foram recolhidos cerca de 70% dos coletivos de 618 linhas, que transportam mais da metade dos passageiros da cidade -são aproximadamente 6 milhões nos horários de pico-, segundo o secretário Alexandre de Moraes
(Transportes). Conforme o sindicato, houve adesão dos motoristas em 29 das 30 garagens.
O secretário sobrevoou os
terminais e pediu intervenção
da Polícia Militar em dois deles
-Varginha e Grajaú-, onde
"piqueteiros" impediam a entrada de microônibus e lotações que não participavam da
manifestação. Os prejuízos, segundo Moraes, foram maiores
na zona sul -empresas da zona
leste, disse ele, conseguiram alterar escalas de trabalho e desmobilizar parte dos motoristas.
"Patifaria"
Não houve registro de incidentes, mas quem tinha compromisso não demonstrava
tranqüilidade. "Tinha uma entrevista de emprego e não sabia
da greve. O jeito foi pegar metrô
e lotação. Fazer isso com o cidadão é uma patifaria", disse
Diogo Rodrigues, 23.
A situação só voltou ao normal no meio da tarde. Embora
tenha minimizado os efeitos da
paralisação -por ter ocorrido
fora do horário de pico-, Moraes disse que entrará com ação
judicial pedindo punição ao
sindicato dos motoristas pelos
prejuízos. Ele espera que o impasse se resolva hoje.
O Sindmotoristas (sindicato
que reúne motoristas e cobradores) pede reajuste de 5,54%,
correspondentes ao acumulado
da inflação anual segundo o
INPC/IBGE, mais 5% de reajuste real. Atualmente, motoristas recebem R$ 1.279 -cobradores, R$ 700. A data-base
para o acordo venceu em 1º de
maio, mas não houve acerto.
Ontem, uma semana após
manifestação semelhante, o
SPUrbanuss (sindicato das empresas) propôs reajuste de
4,56%, com base em índice do
Dieese (departamento intersindical de estatística). A proposta foi considerada uma
"provocação" pelos motoristas,
que podem deflagrar greve em
assembléia na sexta-feira.
Eleições
Secretário e empresas, que se
reuniram à tarde, dizem acreditar em motivação política, já
que o Sindmotoristas fará eleições nos dias 15 e 16 de maio. A
atual gestão, ligada à Nova Central Sindical, concorre com
uma chapa ligada à CUT (Central Única dos Trabalhadores).
O Sindmotoristas diz que
"SPTrans e prefeitura querem
se isentar de suas obrigações" e
que os empresários estariam
usando a iminência de greve
para barganhar na negociação
que travam desde março com a
prefeitura, por reajuste do subsídio por quantidade de passageiros transportados.
O secretário negou que vá
conceder reajuste maior que os
4,24% previstos em contrato e
disse que não há possibilidade
de aumento da tarifa de ônibus.
Colaborou o "Agora"
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