São Paulo, sexta, 8 de maio de 1998

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MEIO AMBIENTE
Decisão é provisória e se baseia em risco de danos à natureza
Estrela suspende venda do triops no Brasil por ordem da Justiça

da Reportagem Local

A fábrica de brinquedos Estrela enviou ontem comunicado a todos os pontos de venda do triops informando que o produto tem de ser retirado do mercado.
Isso foi feito porque uma liminar (decisão judicial provisória) da Justiça de São Paulo determinou a retirada do produto do mercado em todo o Brasil.
A decisão se baseia em supostos danos que o triops pode causar ao meio ambiente, como foi argumentado na ação movida pela Promotoria do Meio Ambiente de São Paulo, que resultou na liminar.
O triops é um crustáceo pré-histórico conhecido como "camarão-dinossauro" que começou a ser comercializado no Brasil este ano pela Estrela.
Ele é vendido dentro de um ovo de plástico que contém um kit com ovos de triops, comida e instruções sobre como criar o animal.
A espécie não existe no país. Por isso, dois zoólogos ouvidos pela promotoria deram pareceres afirmando que, se o animal entrar em contato com o meio ambiente brasileiro, existe risco de desequilíbrio ecológico.
"O triops é vendido em vários países do mundo e, em nenhum desses lugares, causou problemas ao meio ambiente", diz o diretor de marketing da Estrela, Aires José Leal Fernandes.
A empresa informou que vai patrocinar um estudo para avaliar o real risco de impacto ao meio ambiente, caso o triops entre em contato com a natureza. Isso pode ocorrer, dizem os zoólogos, se os animais forem jogados no lixo e existirem alguns exemplares ou ovos vivos.
"Nos outros países em que o triops é vendido, isso nem chegou a ser cogitado. É um animal muito frágil. Ele morre se ficar em um recipiente com menos de três litros de água ou se água tiver muito cloro", diz Fernandes.
Também segundo o diretor de marketing da Estrela, o triops não causa riscos à saúde de quem entra em contato com ele. A afirmação se baseia em testes fitosanitários realizados a pedido da empresa.
A Estrela vai recorrer da decisão e espera recolocar o produto no mercado antes de 30 dias. Se a empresa não vencer na Justiça neste prazo, ela terá de fazer propaganda informando as pessoas sobre como cuidar do triops.
Em um mês, a Estrela vendeu 30 mil unidades. Nos Estados Unidos, já foram comercializados 6 milhões de triops. (MA)


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