LÉO GERCHMANN
da Agência Folha, em Porto Alegre

O Brasil vai ser palco amanhã de um grande e inusitado trabalho de prevenção médica, no qual milhares de fetos terão o coração analisado em 18 Estados.
O objetivo do "mutirão" é prevenir e mapear os problemas cardíacos antes do nascimento, por meio de ecocardiogramas fetais.
O coordenador do Comitê Fetal da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Paulo Zielinsky, disse que os fetos apresentam problemas cardíacos em 5% das gestações.
Até o final da década de 80, segundo ele, acreditava-se que só 1% vivia essa situação. Com a proliferação dos exames pré-natais, o índice subiu para 5%.
Os exames levaram os médicos a uma conclusão que os deixou ainda mais preocupados: apenas 10% das cardiopatias fetais ocorrem em gestantes que têm fatores de risco para a doença. Ou seja, 90% dos casos são imprevisíveis.
Sabe-se hoje que a cardiopatia congênita é a terceira principal causa de mortalidade de recém-nascidos no Brasil. Dez anos atrás, essa situação era ignorada.
"Pretendemos, com os exames que serão realizados em praticamente todo o Brasil, criar uma cultura nova, que leve as gestantes a se examinar. É importante ficar claro que várias doenças podem ser curadas preventivamente."
Havendo o ecocardiograma fetal, a gestante pode se submeter ao parto num local adequado.
"A barriga da mãe é a melhor UTI que existe, então é melhor a mãe se deslocar na hora de fazer o parto do que esperar que o bebê nasça para só depois levá-lo a um hospital especializado", disse.
Os exames marcarão a institucionalização do "Dia do Feto", que será celebrado anualmente, a partir da amanhã. A idéia do "Dia do Feto" surgiu durante o 13º Congresso Mundial de Cardiologia, realizado no Rio.



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