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São Paulo, domingo, 08 de junho de 2003

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ENSINO SUPERIOR

No próximo ano, sistema de avaliação deve ser reformulado

463 mil alunos fazem hoje último provão "tradicional"

ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 463 mil candidatos farão hoje o último Exame Nacional de Cursos no formato em que é aplicado desde 1996 e que atualmente está desacreditado até mesmo pelo instituto responsável por sua elaboração. O provão, como é conhecido, é obrigatório para todos os estudantes do último ano de 26 carreiras para que possam obter o diploma.
A partir de 2004, o sistema de avaliação do ensino superior, que inclui outros mecanismos de avaliação como a ACE (Avaliação das Condições de Ensino) e o Censo da Educação Superior, deve ser reformulado. Uma comissão do Ministério da Educação analisa a questão e deve encaminhar proposta até agosto. "O ministro [Cristovam Buarque] deixou claro que, nesses moldes, é o último provão", disse Otaviano Helene, presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais, órgão responsável pelo provão.
Segundo ele, um dos problemas é o sistema de conceitos, em que se calcula a posição de uma instituição em função das notas obtidas pelas demais. "Isso faz com que o A e o B não signifiquem necessariamente bons cursos e que o D e o E não sejam cursos ruins."
Outro problema apontado por Helene são as distorções que um exame baseado nas notas de alunos traz. "Há instituições que seguram alunos com dependências e não os inscrevem no exame, dão prêmios e fazem cursinhos específicos para a prova, além dos boicotes", afirmou.
José Dias Sobrinho, presidente da comissão que estuda mudanças no sistema, acredita que o exame não possibilita tirar conclusões sobre a qualidade da instituição. "Não se pode falar da qualidade de um curso por meio do resultado obtido pelos alunos, especialmente quando é em cima de uma única prova", disse.
Um dos problemas apontado por Felipe Maia, presidente da UNE, é a falta de integração entre o provão e os outros mecanismos de avaliação. "Hoje, as coisas estão separadas. Tem o provão, que determina um conceito, a ACE, produz outro, o censo, outro. Não há um programa que ligue essas coisas", disse ele. Como acontece todos os anos, a UNE indica aos estudantes boicotarem a prova.
Segundo ele, caso venha a fazer parte de um "novo contexto", a UNE pode vir a ser a favor de um exame de fim de curso. "Por princípio, não somos contra avaliar."


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