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Total de mortos por PMs em folga cresce 95%
Foram 23 casos no primeiro trimestre de 2008 e 45 no mesmo período deste ano; total de policiais mortos fora do trabalho também subiu
Comandante-geral da PM
afirma que o combate à letalidade envolvendo policiais é uma preocupação de sua administração
LUIS KAWAGUTI
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de civis mortos
por policiais militares em folga
de janeiro a março deste ano é o
mais alto desde 2005. Foram
45 mortes nessas circunstâncias no Estado de São Paulo, alta de 95% na comparação com
o mesmo período de 2008.
Nesses casos são contadas
desde mortes motivadas por
brigas em bares, no trânsito,
entre familiares, até situações
em que os PMs dizem ter matado ao reagir a um roubo quando
estavam fora do trabalho, muitas vezes em "bicos" como segurança (proibido por lei).
Levantamento da Folha com
base nos dados da Corregedoria da PM (órgão fiscalizador)
aponta também que o total de
PMs mortos fora do trabalho
subiu de 11 no primeiro trimestre de 2008 para 16 neste ano.
"Houve realmente um aumento dos mortos por policiais
militares de folga, mas também
houve muitos policiais que acabaram morrendo de folga. Tivemos um recrudescimento
[aumento] do crime nos últimos cinco meses", diz o comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo.
Segundo ele, o combate à letalidade envolvendo policiais é
uma preocupação de sua administração. Camilo afirma que o
policial de folga não deve atuar
sozinho. "Ele deve acionar o
190 e deixar o policial de serviço atuar, porque o policial de
serviço tem mais recursos."
Outro problema apontado
por Camilo é o preparo psicológico. "O psicológico derruba
mais da metade dos candidatos
à PM", afirma ele.
O analista de sistemas Deibi
Willians dos Santos Giordano,
25, foi, segundo a Polícia Civil e
a Promotoria, vítima de PMs
fora do horário de trabalho. Segundo as investigações, ele foi
morto com um tiro na cabeça
pelo soldado da PM Eduardo
Guerrero Meigger, 34, com a
ajuda do cabo Roberto Carlos
Faustino, 41. O crime ocorreu
na zona sul, em fevereiro.
Os dois PMs são do 12º batalhão, que atende a área onde
aconteceu o crime. Eles foram
ao bar Quinta Avenida Videokê
para se divertir. Ao encontrarem Giordano no bar, os PMs,
segundo a acusação, acreditavam que ele os encarava e foram tirar satisfação.
O PM Meigger diz que atirou
na cabeça do analista, numa
briga fora do bar, porque ele fez
um movimento de sacar uma
arma. Segundo a denúncia do
promotor Marco Antonio de
Souza à Justiça, Meigger e
Faustino plantaram uma arma
de brinquedo no corpo do analista para sustentar que o crime
foi em legítima defesa.
Para Maurício Antonio Ribeiro Lopes, atual promotor do
caso, esse é mais um exemplo
de legítima defesa putativa
[quando o agressor mata supondo que seria agredido] para
justificar uma execução.
"O rapaz foi executado, e os
PMs tentam alegar que ele os
agrediria para amenizar a gravidade do crime", disse.
O advogado Eurico Cardoso,
defensor do PM Faustino, disse
que seu cliente é inocente e não
participou do crime.
O advogado Eliezer Pereira
Martins, que defende Meigger,
foi procurado pela Folha, mas
não concedeu entrevista.
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