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33% dos alunos da rede privada já se embriagaram
Eles relatam que bebedeira ocorreu pelo menos um mês antes da pesquisa
Entre estudantes do ensino fundamental,
os que ficaram bêbados
ao menos uma vez na
vida somam 14%
TARSO ARAUJO
DE SÃO PAULO
Dados inéditos de uma
pesquisa sobre o uso de drogas entre os alunos de escolas particulares da cidade de
São Paulo revelam que um
em cada três estudantes do
ensino médio se embriagou
pelo menos uma vez no mês
anterior ao levantamento.
Os dados mostram ainda
que a bebedeira -consumo
de cinco ou mais doses na
mesma ocasião- é uma prática comum para muitos dos
que têm idade entre 15 e 18
anos: 7% dos meninos e 5%
das meninas fazem isso de
três a cinco vezes por mês.
A pesquisa, do Cebrid
(Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) da
Unifesp, ouviu, em 2008,
5.226 alunos do ensino fundamental e médio de 37 escolas -os dados só foram concluídos agora.
Entre os estudantes do ensino fundamental (7ª e 8ª séries), o total dos que se embriagaram ao menos uma vez
no último mês é menor
(14,2%), mas surpreende por
conta da idade: geralmente
entre 13 e 15 anos.
FATOR DE RISCO
Segundo a pesquisa, o fator de risco mais associado
ao consumo excessivo de álcool é sair à noite.
O grupo de alunos que
saem ao menos uma vez por
semana tinha quase dez vezes mais chances de ter tomado uma bebedeira no mês anterior que os que não saem.
Ricardo (nome fictício), 16,
costuma sair à noite três vezes por semana. Sábado, na
companhia de dois amigos,
estava na rua Augusta com
uma garrafa de vinho.
"Não dou mais "PT", mas fico bêbado, lógico. Com seis
latinhas já estou "alto'", afirma o rapaz, explicando que
"PT" significa perda total:
"passar mal, vomitar, ir para
casa mal". Experiência que
os três dizem ter vivenciado.
"Agora só bebo socialmente. Antes, bebia meia garrafa
de vodca sozinho", diz João,
15, amigo de Ricardo.
Apesar de a venda de álcool ser proibida para menores, a turma comprou a garrafa num mercado na redondeza, sem mostrar identidade.
DIÁLOGO
"A intoxicação por álcool
tem efeito estimulante, no
primeiro momento. Isso favorece a agressividade e
comportamentos impulsivos
e diminui a autocrítica. É o
que deixa a pessoa mais em
risco", diz Ana Regina Noto,
professora da Unifesp e coordenadora da pesquisa.
"Mas não é prendendo o filho em casa que um pai vai
evitar que ele beba demais",
diz o psiquiatra da Unifesp
Dartiu Xavier da Silveira,
coordenador do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes).
"O ideal é investir em fatores de proteção, como conversar. Perguntar o quanto o
filho bebe, como bebe, por
que bebe... E aí entrar numa
estratégia de redução de danos mesmo", diz Xavier.
FOLHA.com
Autora do estudo cobra
maior controle sobre
venda de bebidas
folha.com.br/ct747028
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