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ANÁLISE
Consumo precoce começa com exposição à publicidade
CARLOS SALGADO
ESPECIAL PARA A FOLHA
A relação entre jovens e
consumo de álcool é alarmante. Garotos e garotas entre 14 e 17 anos são responsáveis por 6% de todo o consumo anual de álcool do país.
O número prova a fragilidade do país em fazer cumprir a lei (que proíbe a venda
para menores de 18 anos) e
em conter os perigos da experimentação, que acontece cada vez mais cedo.
O porre pode, para muitos,
parecer só uma brincadeira
da garotada. Mas evidencia o
sintoma de uma conduta social que inconscientemente
aprova o consumo de álcool.
Nos lares brasileiros, os jovens crescem assistindo a familiares e amigos consumirem bebidas alcoólicas nos
mais variados eventos. Ou,
ainda, após as tradicionais
partidas de futebol, numa
combinação contraditória
entre álcool e esporte.
Para o jovem, beber parece
estar associado com status,
suposto amadurecimento e
possibilidade de mais relações pessoais e afetivas.
Por essas razões, é preciso
apostar fortemente na prevenção desde a infância. A
proposta não surtirá efeito se
os menores continuarem expostos à publicidade de bebidas, sempre associadas a cenários paradisíacos, formas
perfeitas e diversão.
Estudo que levantou 420
horas de programação televisiva identificou que a maioria das propagandas de bebidas ocorre em programas esportivos, com ao menos 10%
de audiência de jovens.
Sabemos também que o álcool é apenas a porta de entrada para outras drogas. É a
partir dele que o jovem fica
mais exposto à experimentação de outras drogas.
Limitar a publicidade, portanto, é o meio de dar uma
adequada concepção em torno do consumo do álcool.
CARLOS SALGADO é psiquiatra e
presidente da Abead (Associação Brasileira
de Estudos do Álcool e Outras Drogas)
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