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Periferia cumpre menos a lei
DA REPORTAGEM LOCAL
A baixa adesão ao uso do cinto
de segurança por motoristas e
passageiros se concentra principalmente nas áreas periféricas.
A mais recente pesquisa da
CET, realizada há seis meses,
mostra que a utilização do cinto
na região central da cidade é de
96% (motoristas), 93% (passageiros do banco dianteiro) e 9%
(passageiros do banco traseiro),
contra 78%, 69% e 2% na zona
leste, por exemplo.
Uma das explicações para essa
diferença, segundo especialistas, é
justamente a falta de fiscalização
nas ruas e avenidas periféricas e a
concentração dos fiscais nas regiões centrais. "A sensação de impunidade gera desrespeito à lei",
afirma Roberto Scaringella, fundador e ex-presidente da CET.
O médico José Sérgio Franco, da
Sociedade Brasileira de Ortopedia
e Traumatologia, diz que a pesquisa feita no Rio de Janeiro ainda
constatou que a desobediência é
maior nos lugares onde costuma
haver menos fiscais de trânsito.
"É uma pena que a cobrança
não esteja presente em todas as
áreas. No interior, por exemplo,
até os cintos do banco da frente
são menos utilizados porque não
há tanta fiscalização", afirma.
Alberto Francisco Sabbag, secretário-geral da Abramet, aponta ainda dois outros motivos para
a desobediência ser maior nas
áreas periféricas. Um é a frota,
que, nas regiões mais pobres, costuma ser mais velha, sendo mais
comum a ausência de cinto, até
mesmo por causa do estado de
conservação do veículo.
"Os fatores econômico e cultural também precisam ser considerados. Quanto maior a instrução
dos motoristas e passageiros,
mais consciência eles têm sobre a
importância do uso do cinto de
segurança. As campanhas educativas muitas vezes não chegam à
periferia", sustenta Sabbag.
O engenheiro Mauricio Régio,
da CET, nega, por outro lado, que
o aumento das multas nas zonas
sul e leste seja resultado da falta de
fiscalização. Até 2001, 70% dos
marronzinhos só atuavam no
centro expandido. "Hoje é bem
diferente. A CET também está
presente na periferia", diz.
Uma evidência disso, segundo
ele, é a concentração de 45% das
multas na zona leste e 12,4% na
zona sul, áreas que têm os maiores índices de desrespeito ao uso
do cinto. Régio avalia que a maior
desobediência da lei na periferia é
"um problema cultural e das condições do veículos".
(AI)
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