São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Periferia cumpre menos a lei

DA REPORTAGEM LOCAL

A baixa adesão ao uso do cinto de segurança por motoristas e passageiros se concentra principalmente nas áreas periféricas.
A mais recente pesquisa da CET, realizada há seis meses, mostra que a utilização do cinto na região central da cidade é de 96% (motoristas), 93% (passageiros do banco dianteiro) e 9% (passageiros do banco traseiro), contra 78%, 69% e 2% na zona leste, por exemplo.
Uma das explicações para essa diferença, segundo especialistas, é justamente a falta de fiscalização nas ruas e avenidas periféricas e a concentração dos fiscais nas regiões centrais. "A sensação de impunidade gera desrespeito à lei", afirma Roberto Scaringella, fundador e ex-presidente da CET.
O médico José Sérgio Franco, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, diz que a pesquisa feita no Rio de Janeiro ainda constatou que a desobediência é maior nos lugares onde costuma haver menos fiscais de trânsito.
"É uma pena que a cobrança não esteja presente em todas as áreas. No interior, por exemplo, até os cintos do banco da frente são menos utilizados porque não há tanta fiscalização", afirma.
Alberto Francisco Sabbag, secretário-geral da Abramet, aponta ainda dois outros motivos para a desobediência ser maior nas áreas periféricas. Um é a frota, que, nas regiões mais pobres, costuma ser mais velha, sendo mais comum a ausência de cinto, até mesmo por causa do estado de conservação do veículo.
"Os fatores econômico e cultural também precisam ser considerados. Quanto maior a instrução dos motoristas e passageiros, mais consciência eles têm sobre a importância do uso do cinto de segurança. As campanhas educativas muitas vezes não chegam à periferia", sustenta Sabbag.
O engenheiro Mauricio Régio, da CET, nega, por outro lado, que o aumento das multas nas zonas sul e leste seja resultado da falta de fiscalização. Até 2001, 70% dos marronzinhos só atuavam no centro expandido. "Hoje é bem diferente. A CET também está presente na periferia", diz.
Uma evidência disso, segundo ele, é a concentração de 45% das multas na zona leste e 12,4% na zona sul, áreas que têm os maiores índices de desrespeito ao uso do cinto. Régio avalia que a maior desobediência da lei na periferia é "um problema cultural e das condições do veículos". (AI)


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