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SAÚDE
Troca de seringas realizada no país é citada em conferência mundial como estratégia de prevenção a ser seguida
ONU elogia programa brasileiro de Aids
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA
O modelo brasileiro de "troca
de seringas" foi citado ontem pelas Nações Unidas como uma das
políticas a serem seguidas pelo
países onde as drogas injetáveis
vêm fazendo disparar o número
de casos de Aids. Entre os locais
onde essa forma de contágio está
escapando do controle estão a
China e países que formavam a
União Soviética.
A ONU (Organização das Nações Unidas) estima que em três
anos haverá 10 milhões de chineses infectados, 80% pelo uso de
drogas injetáveis. O modelo brasileiro foi citado por Moruf Adelekan, representante da UNDCP, o
programa de drogas das Nações
Unidas, no primeiro dia da 14ª
Conferência Internacional de
Aids, que acontece em Barcelona.
De projetos quase clandestinos
sete anos atrás, quando técnicos e
voluntários trabalhavam sob o
risco de serem presos, o programa brasileiro de redução de danos tem hoje 140 bases no país.
A preocupação com o HIV entre usuários de drogas partiu da
Unaids, órgão das Nações Unidas
para a Aids, que reuniu os principais especialistas num encontro
em Viena na semana passada. Na
reunião, os programas brasileiros, inglês e o de Bangladesh foram listados como modelos.
"O modelo brasileiro foi escolhido porque inclui a participação
de ONGs, do governo e porque
seus resultados são animadores",
disse Fábio Mesquita, coordenador do programa municipal de
DST-Aids de São Paulo. Mesquita, que esteve à frente da primeira
tentativa de troca de seringas, há
13 anos em Santos, representou o
país em Viena. Levantamento feito nos anos de 1995 e de 2000 entre usuários de drogas injetáveis
de Salvador mostrou que a porcentagem de infectados pelo HIV
entre eles caiu de 51% para 7%.
Em Santos, caiu de 60% para 42%.
Em Bangladesh, o maior programa comunitário do mundo de
"redutores de danos" atinge 60%
de todos os usuários de drogas.
No Brasil, são apenas 10%.
A preocupação agora é com os
países onde o ópio tinha um uso
cultural fumado e passou a ser
consumido como heroína injetável por conta da repressão. A Rússia, por exemplo, é o país onde a
epidemia de Aids mais cresce no
mundo. "Temos de evitar que
aconteça a catástrofe que não evitamos na África negra", era o discurso dos representantes da
Unaids.
O jornalista Aureliano Biancarelli viajou
a convite do laboratório Abbott
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