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Participantes cobram promessas durante evento
DO ENVIADO A BARCELONA
A abertura da 14ª Conferência
Internacional de Aids de Barcelona ontem repetiu a fórmula de encontros passados, com um misto
de alarme e esperança na fala de
autoridades, pesquisadores, militantes e pacientes. A diferença estava no tom, uma cobrança mais
dura das promessas feitas em
anos anteriores por governos,
empresas e laboratórios de pesquisa, especialmente.
"Tudo o que precisamos são
US$ 10 bilhões anuais para darmos uma resposta mínima à epidemia, mas só contamos com um
terço desse valor", disse Peter
Piot, diretor executivo da Unaids,
na sua conferência de abertura.
"Estes números são inegociáveis e
estamos aqui para que as promessas comecem a ser cumpridas."
Na África, apenas um em cada
cem doentes é tratado.
A ONG Oxfam Internacional divulgou documento informando
que a grande maioria dos países
desenvolvidos contribui com menos de 30% do que deveria para
com o Fundo Global para a Aids.
"Dez bilhões de dólares correspondem ao gasto militar mundial
de quatro dias e a dez dias de subsídios à agricultura nos países ricos", disse Mohga Kamal Smith,
da Oxfam International.
As conferências internacionais
sobre Aids são promovidas pela
Unaids, o programa das Nações
Unidas para o HIV/Aids, em parceira com todos os programas da
ONU. Acontecem a cada dois
anos e representam o mais importante encontro sobre a epidemia. Dele participam governos,
instituições não-governamentais,
pesquisadores e pacientes.
O lema da conferência que começou ontem em Barcelona é
"knowledge and commitment for
action", ou, "conhecimento e
compromisso para a ação". A
pressão sobre os governos e sobre
os laboratórios pelo acesso aos
medicamentos para Aids está no
centro desse encontro, assim como foi em Durban, na África do
Sul, dois anos atrás.
Foi na 11ª conferência, em 1996,
em Vancouver, no Canadá, que os
pesquisadores anunciaram os resultados animadores do coquetel,
a combinação de drogas contra a
doença que reduziu a quantidade
do vírus HIV no sangue a nível indetectável. Não era a cura, mas a
perspectiva de manter a Aids sob
controle. Desde então, a luta de
governos, ONGs, médicos e pacientes tem sido no sentido de encontrar um melhor uso terapêutico para esses medicamentos e,
principalmente, fazê-los chegar
aos países mais pobres.
(AB)
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