São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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Participantes cobram promessas durante evento

DO ENVIADO A BARCELONA

A abertura da 14ª Conferência Internacional de Aids de Barcelona ontem repetiu a fórmula de encontros passados, com um misto de alarme e esperança na fala de autoridades, pesquisadores, militantes e pacientes. A diferença estava no tom, uma cobrança mais dura das promessas feitas em anos anteriores por governos, empresas e laboratórios de pesquisa, especialmente.
"Tudo o que precisamos são US$ 10 bilhões anuais para darmos uma resposta mínima à epidemia, mas só contamos com um terço desse valor", disse Peter Piot, diretor executivo da Unaids, na sua conferência de abertura. "Estes números são inegociáveis e estamos aqui para que as promessas comecem a ser cumpridas." Na África, apenas um em cada cem doentes é tratado.
A ONG Oxfam Internacional divulgou documento informando que a grande maioria dos países desenvolvidos contribui com menos de 30% do que deveria para com o Fundo Global para a Aids.
"Dez bilhões de dólares correspondem ao gasto militar mundial de quatro dias e a dez dias de subsídios à agricultura nos países ricos", disse Mohga Kamal Smith, da Oxfam International.
As conferências internacionais sobre Aids são promovidas pela Unaids, o programa das Nações Unidas para o HIV/Aids, em parceira com todos os programas da ONU. Acontecem a cada dois anos e representam o mais importante encontro sobre a epidemia. Dele participam governos, instituições não-governamentais, pesquisadores e pacientes.
O lema da conferência que começou ontem em Barcelona é "knowledge and commitment for action", ou, "conhecimento e compromisso para a ação". A pressão sobre os governos e sobre os laboratórios pelo acesso aos medicamentos para Aids está no centro desse encontro, assim como foi em Durban, na África do Sul, dois anos atrás.
Foi na 11ª conferência, em 1996, em Vancouver, no Canadá, que os pesquisadores anunciaram os resultados animadores do coquetel, a combinação de drogas contra a doença que reduziu a quantidade do vírus HIV no sangue a nível indetectável. Não era a cura, mas a perspectiva de manter a Aids sob controle. Desde então, a luta de governos, ONGs, médicos e pacientes tem sido no sentido de encontrar um melhor uso terapêutico para esses medicamentos e, principalmente, fazê-los chegar aos países mais pobres. (AB)


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