São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falsificação fez outra vítima

da Agência Folha, em BH

A família do ex-prefeito e ex-presidente da Câmara de Timóteo (MG) Antônio Dias Martins, 62, aponta como principal motivo de sua morte os comprimidos Androcur do lote falsificado que ele tomou por quatro meses. Ele morreu há 20 dias por causa de um câncer na próstata.
Martins soube que tinha o câncer há um ano e começou tratamento com um médico de Timóteo (266 km de Belo Horizonte). Na época, ele trabalhava como diretor de uma escola municipal da cidade. Por indicação do médico, começou a tomar o Androcur.
Wanda Braga Dias, 56, mulher do ex-prefeito, disse que Martins tomou 14 frascos e, quando iniciava mais um, viu na TV, no final de janeiro passado, uma reportagem sobre falsificação de remédios. Foi conferir e descobriu que passou quatro meses tomando remédios do lote falsificado.
Os remédios haviam sido comprados em Belo Horizonte na Dinâmica Distribuidora de Medicamentos Ltda. e eram entregues pelo correio. A Agência Folha tentou contato telefônico com a Dinâmica por três vezes na tarde de ontem e deixou recados na secretária eletrônica da empresa, mas não houve resposta até o início da noite.
Assim que soube que tomava comprimidos do lote falsificado, Martins reclamou com a distribuidora, por telefone, e foi reembolsado dos gastos com os frascos do lote 351 dois dias depois.
O médico que acompanhou a última etapa do tratamento de Martins, Bruno Cortês Aragão, disse que não pode garantir que a sua morte tenha decorrido exclusivamente da falta de medicação adequada durante os 120 dias.
Segundo ele, o quadro clínico do ex-prefeito antes do período em que ele tomou o Androcur era de um tumor não disseminado. Quatro meses depois, o câncer havia se espalhado e tinha se tornado resistente ao tratamento.

Paraná
Lotes falsificados do medicamento Androcur, também da Schering, foram identificados no início do ano no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, e no Hospital Universitário de Londrina.
Os remédios foram recolhidos. Não houve registro de pacientes que tenham tido problemas de saúde por ter usado o falso Androcur. Duas pessoas foram presas.


Colaborou Agência Folha, no Paraná



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.