São Paulo, quarta, 8 de julho de 1998

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SAÚDE
Frascos eram sobra de testes clínicos da Schering-Plough que deveriam ser incinerados; transportadora pode ser indiciada
Remédios levados em ônibus são apreendidos

Rosane Marinho/Folha Imagem
PM carrega caixa com remédios que eram transportados em ônibus de passageiros e foram apreendidos


FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

Policiais militares apreenderam ontem no Rio 187 frascos do medicamento Citalopran (antidepressivo) e 604 do Loratadina (anti-histamínico) transportados irregularmente de São Paulo para o Rio num ônibus de passageiros.
Os medicamentos pertencem ao laboratório Schering-Plough. A empresa divulgou nota afirmando que os medicamentos são sobra de testes clínicos e seriam incinerados. Na nota, a Schering-Plough informou que contratou a transportadora TNK Express -que teria autorização para o trabalho- para levar os remédios até o Rio.
A apreensão preocupou a polícia por causa do episódio das pílulas de farinha do anticoncepcional Microvlar, de outra empresa, a Schering do Brasil. As pílulas de farinha também eram para teste e acabaram chegando ao mercado.
Os frascos apreendidos ontem -sem embalagem comercial- estavam em 12 caixas da Schering-Plough, guardadas numa caixa de papelão de ar-condicionado.
Alex Sandro Henrique dos Reis, 21, funcionário da TNK Express, levou o material ao Rio num ônibus da Viação 1.001.
Quando desembarcou na rodoviária, às 5h45 de ontem, Reis chamou a atenção da polícia ao carregar a caixa. Ele foi detido e levado para a 17ª Delegacia Policial.
O gerente da transportadora, Sidney Honorato, foi à delegacia e confirmou a informação de que os remédios seriam incinerados. Ele disse que o material viajou em ônibus de linha porque havia pressa.
Honorato não quis dizer se essa é uma prática comum na transportadora. Ele e Reis prestaram depoimento e foram liberados.

Irregularidades
Fiscais da Vigilância Sanitária apreenderam os medicamentos para análise. Maria de Lourdes Moura, assessora da Secretaria de Estado da Saúde, disse que a operação apresentou duas irregularidades: falta de identificação dos remédios e transporte por empresa não credenciada para o serviço.
"Se o material foi utilizado em testes clínicos, tinha que trazer os códigos internacionais de biossegurança, indicando que o produto, se ingerido inadvertidamente, traz risco para a saúde", afirmou.
Segundo ela, medicamentos só podem ser transportados por empresa credenciada pelo Ministério da Saúde.
Representantes da Schering-Plough e da TNK terão de apresentar à Vigilância Sanitária documentos da carga e esclarecimentos sobre como o produto foi testado e transportado.
O delegado José Mário Peixoto disse que, caso a TNK não apresente os documentos confirmando a autorização para transporte de medicamentos, poderá responder por tráfico de entorpecentes.



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