São Paulo, sexta, 8 de agosto de 1997.



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OPINIÃO
É preciso alimentar os robôs

VICENTE AMATO NETO
JACYR PASTERNAK

Está ficando comum, ultimamente, considerar que cargos diretivos, até com missões executivas, devam ser ocupados em diferentes instituições e, também, nas públicas, até de caráter universitário, por administradores-tecnocratas. Isso acontece de forma crescente, inclusive na área da saúde, que conhecemos melhor.
Quanto aos setores médico-assistenciais e dedicados à formação ou aprimoramento de recursos humanos, como ainda à busca de novos conhecimentos por meio das pesquisas, consideramos que o comportamento citado é equivocado. Talvez seja outrossim em âmbito de diferentes naturezas, mas nos situaremos no compartimento ao qual estamos profissionalmente vinculados.


Enfatizamos o perigo de confiar exageradamente em administradores- tecnocratas

Os prepostos, tidos como hábeis manuseadores de papéis e de números, só raramente têm prestígio nas altas cúpulas governamentais; em geral não são conhecidos pela comunidade, que, por isso, deixa de demonstrar confiabilidade; carecem de conhecimentos aptos a implantar, em ocasiões certas, progressos úteis à instituição e à sociedade; quase sempre não valorizam apoios de caráter social necessários à entidade e a seus servidores; com frequência afiguram-se incapazes de sugerir programas que constituam avanços, porque não possuem visão adequada e específica para sugeri-los ou implantá-los; por fim, representam personagens inadequadas para o exercício de funções diversas das puramente materialistas.
Como mensagens terminais, enfatizamos o perigo de confiar exageradamente em administradores-tecnocratas quando designados para dirigir órgãos, em especial do âmbito médico-assistencial-universitário.
Destacamos a falta de condições, por parte deles, a propósito da execução de planos progressistas, respaldados por boa experiência, vivência suficiente e criatividade específica. Por isso, julgamos que tais pessoas servem para ajudar, após ser alimentadas por capazes, dotados de atributos essenciais.


Vicente Amato Neto, 67, infectologista, é professor titular do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo).
Jacyr Pasternak, 53, infectologista, é médico-assistente da Divisão de Clínica e Moléstias Infecciosas e Parasitárias do HC da USP.



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