São Paulo, sexta, 8 de agosto de 1997.



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PESQUISA
Cepagri, órgão da Universidade Estadual de Campinas, classifica blocos gelados que caíram em Campinas
Gelo do céu é 'batizado' de hidrometeorito

FABIANO ALCÂNTARA
da Folha Campinas

O Cepagri (Centro de Ensino e Pesquisas em Agricultura), da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), classificou como hidrometeoritos os blocos de gelo que caíram do céu no mês passado na região de Campinas (99 km de São Paulo).
Os meteoritos de gelo são registros inéditos na literatura mundial, segundo os pesquisadores da universidade.
"Batizamos o fenômeno de hidrometeoritos para que não tivéssemos problemas de nomenclatura com astrônomos", disse o diretor do Cepagri, Hilton Silveira Pinto, 56.

Publicação
Os pesquisadores da Unicamp afirmaram que publicarão a descoberta, até o final do ano, em uma revista internacional de divulgação científica, que ainda não foi definida.
Meteoritos são estruturas que se desprendem de meteoros e são compostos por blocos rochosos ou metálicos.
Os astrônomos contestam a posição do Cepagri. Segundo eles, a queda de uma estrutura na superfície da terra provocaria explosões.
No entanto, os próprios astrônomos admitem que o caso é inédito e, por isso, está causando polêmica dentro da comunidade científica mundial.
Os pesquisadores John Wasson, da Ucla (Universidade da Califórnia), Gerard Guyout do Inra (Instituto Nacional de Avignon), Yuri Stoznov, da Academia de Ciência da Rússia, e Dick Spalding, do Sandia National Labs do Novo México (EUA) estão estudando o caso.
De acordo com o diretor do Cepagri, a possibilidade de os blocos de gelo terem sido formados na superfície terrestre foi descartada pelos pesquisadores.
"Não seria possível que um bloco de 300 quilos tivesse se formado na Terra", disse.
A Unicamp mobilizou uma equipe de três pesquisadores do Instituto de Química, dois do Instituto de Biologia e um do departamento de Matemática.

Pesquisas
A comissão realizou pesquisas para detectar a origem dos blocos de gelo e a composição do material.
De acordo com o professor Marcos Eberlin, 38, do Instituto de Química da Unicamp, a água não poderia ter sido formada na atmosfera terrestre por não possuir microorganismos.
A hipótese de falsificação também foi descartada pelos pesquisadores.
"Para que esse material fosse forjado, seria necessário usar água destilada sem gravidade ou em queda livre", disse o professor Eberlin.



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