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POLÍCIA FORA DA LEI
Barros Filho e Porto Alves terão de retornar a seus cargos anteriores; afastamento é temporário
TJ afasta juízes para dar "transparência"
DA REPORTAGEM LOCAL
O Tribunal de Justiça de São
Paulo afastou ontem os dois juízes que participaram das operações do serviço de inteligência da
Polícia Militar sob a justificativa
de tornar transparente a investigação da Corregedoria Geral.
A decisão atingiu os corregedores dos presídios de São Paulo,
Octávio Augusto Machado de
Barros Filho, e do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais),
Maurício Lemos Porto Alves.
Ambos ocupavam cargos de
confiança no TJ, nomeados pelo
corregedor-geral de Justiça, Luiz
Elias Tâmbara. Agora, eles retornam para os cargos em que estavam antes: Barros Filho para a 2ª
Vara do Fórum Distrital de Parelheiros, e Alves para a 28ª Vara
Criminal. Os nomes dos substitutos não foram divulgados ontem.
O afastamento é provisório, segundo o TJ, e pode ser revisto ao
final da apuração. Se fossem juízes titulares, a substituição dependeria de aprovação no Órgão Especial do TJ, que reúne os 25 desembargadores mais antigos, e seria aplicada como punição.
Os nomes dos dois magistrados
aparecem na carta do preso
Ronny Clay Chaves, divulgada
ontem pela OAB. O detento e seu
parceiro já foram ouvidos pela
Corregedoria Geral. Eles acusam
policiais do Gradi de tortura.
""Foi uma medida do TJ que demonstra transparência. Não é um
pré-julgamento", afirmou ontem
o procurador-geral de Justiça,
Luiz Antônio Guimarães Marrey.
Situação
Em 13 meses, o juiz-corregedor
dos presídios, Barros Filho, deu
151 autorizações para que o Gradi
retirasse seis condenados de prisões estaduais. Um deles, o assaltante de banco M., saiu 68 vezes e
passou 115 dias fora da prisão.
As liberações foram expedidas
entre março de 2001 e abril de
2002. Do total, a maioria (55%) foi
assinada na gestão do atual secretário da Segurança Pública do Estado, Saulo de Castro Abreu Filho,
que assumiu em 22 de janeiro.
Em liberdade, presos recebiam
carros para missões. Dois deles
-Chaves e um amigo- fugiram
em um desses veículos.
O juiz tem afirmado à Folha que
desconhecia as operações de infiltração da PM e que suspendeu as
saídas após a denúncia de tortura,
em 31 de março. Certidão da Corregedoria dos Presídios, porém,
mostra que o preso M. recebeu
autorização 12 dias depois disso.
O corregedor do Dipo autorizou o Gradi a monitorar 74 linhas
telefônicas em 2001, sem que esses
procedimentos provocassem um
único inquérito ou processo judicial. Alves ainda liberou informações sigilosas de 71 linhas. Ele tem recusado pedidos de entrevista da Folha encaminhados ao TJ.
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