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OUTRO LADO
Secretário diz que preso mente
DA REPORTAGEM LOCAL
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, atacou ontem a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) pela divulgação da
carta em que o preso recrutado pela PM diz ter conversado pessoalmente com ele, durante uma reunião em que teria sido planejada a ação que terminou
na morte de 12 pessoas supostamente ligadas ao PCC, em março, em Sorocaba.
""Além de uma mentira deslavada, absurda, não entendi a que interesse serve. O que mais me indigna é o fato de algumas pessoas pegarem uma carta, que
não sei endereçada a quem, chamar a imprensa e achincalhar",
afirmou em entrevista no Denarc, onde anunciou sistema de
monitoramento de carros.
O relato que irritou o secretário chegou à Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP por
um dos dois presos que acusam
policiais do Gradi de tortura.
Na carta, Ronny Clay Chaves,
27, conta como foi recrutado,
que a unidade matou supostamente dois inimigos seus e diz
que o secretário sabia que agentes infiltrados iriam convocar
criminosos ligados ao PCC para
roubar em Sorocaba um avião
pagador que não existia.
""Eu lá vou conversar com preso acusado de latrocínio, que
matou um pai de família para
roubar carro, pegou a identidade dele para praticar estelionato.
Eu não li a carta e pretendo não
ler", disse, ao afirmar que a comissão da OAB deveria tê-lo ouvido antes de divulgar a carta.
Por sete vezes, a Folha perguntou ao secretário quando ele
soube que a PM utilizava presos
em investigações e quais medidas tomou. Abreu Filho se recusou a responder, disse que o jornal estava querendo ""personalizar" o problema e que não falaria de apuração em andamento.
A assessoria dele tentou interromper a pergunta três vezes.
O presidente da OAB/SP, o
advogado Carlos Miguel Aidar,
disse ontem respeitar a opinião
do secretário, mas discorda que
ele precisasse ser avisado antes
da divulgação da carta, enviada
depois à Procuradoria Geral de
Justiça. ""Os fatos são muito notórios. O interesse da OAB é que
o caso seja apurado com mais
rigor, mais velocidade."
O vice-prefeito de São Paulo,
Hélio Bicudo (PT), militante de
direitos humanos que participou da divulgação da carta, disse ontem que seria ""aético" entregá-la ao secretário, que vem defendendo as ações de inteligência realizadas pelo Gradi.
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