DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 300 sem-teto, segundo estimativa da guarda civil de São Bernardo do Campo, decidiram ontem à noite, em assembléia, acampar na praça que fica em frente à prefeitura. Colchões foram espalhados pelo chão e uma barraca começou a ser improvisada no meio da praça, aproveitando a estrutura de um palanque. A guarda civil e a Polícia Militar ficaram observando a distância.
A decisão de permanecer ali foi tomada após tumultuada reunião entre uma comissão de sem-teto e representantes da prefeitura, que negaram todas as solicitações do movimento. O secretário municipal de Habitação e Meio Ambiente, Osmar Mendonça, e o coordenador de Ações Comunitárias, Ademir Silvestre, disseram à comissão que não tinham como arrumar um terreno para que eles acampassem provisoriamente.
O que começou como uma reunião aparentemente amistosa terminou em ameaças. Os sem-teto disseram que vão "incomodar a prefeitura" após serem chamados de "criminosos" por causa da ocupação do terreno da Volks. "Não precisamos de intermediários para dialogar com eles [pessoas que precisam de habitação]", disse o secretário ao questionar a legitimidade do movimento.
Segundo a prefeitura, São Bernardo tem 7.000 pessoas vivendo em áreas de risco e outras 20 mil morando em subhabitações. Todas estariam cadastradas e incluídas em programas municipais.
No encontro de ontem, os sem-teto se ofereceram para rediscutir a política habitacional do município e pediram a desapropriação de uma área onde pudessem ser instalados definitivamente. Segundo o secretário e o coordenador, as pessoas que estão no movimento e que são de São Bernardo não precisam de acampamento provisório porque já têm onde morar. "Esse movimento foi importado. Não existia antes na cidade", afirmou Mendonça. Cerca de 30% dos acampados na Volks não eram da cidade, conforme cadastramento feito pela CDHU.


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