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USP negocia sua participação no Enade
USP e Unicamp não participam da avaliação, por discordarem da metodologia; é a primeira negociação formal com o MEC
Uma das alterações sugeridas pela universidade é a adoção de um exame universal, e não feito por amostragem, como é hoje
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A USP abriu, pela primeira
vez, uma negociação formal
com o Ministério da Educação
para passar a participar do
Enade, exame que avalia os alunos do ensino superior desde
2004 (substituto do provão).
A reitora da Universidade de
São Paulo, Suely Vilela, enviou
ofício no dia 16 de junho à Conaes (comissão do MEC responsável pela avaliação da
área) com seis pontos que a instituição entende que devam ser
alterados na avaliação.
Entre as sugestões estão a
adoção de um exame universal
(hoje fazem a prova apenas
uma amostra dos alunos) e alguma forma de valorização às
instituições que adotem cursos
considerados inovadores.
Em todo o país, apenas USP e
Unicamp não participam da
avaliação, cujos resultados da
edição 2007 foram divulgados
anteontem pelo MEC (25% dos
3.239 cursos ficaram nos patamares mais baixos de qualidade, 27 deles de medicina).
USP e Unicamp, que discordam da metodologia, entendem que, por serem instituições estaduais, não ficam obrigadas a seguir a legislação federal que instituiu a avaliação.
"É o início de uma interlocução direta para a adesão da
USP", afirmou ontem à Folha a
pró-reitora de graduação, Selma Garrido Pimenta.
Tanto a pró-reitora quanto o
presidente da Conaes, Sérgio
Franco, disseram que a universidade ainda não havia feito
uma sistematização do pedido
para alteração do exame.
A idéia é que as duas partes
discutam os pontos e, com base
no resultado dessas negociações, a USP decida se entrará
no exame em 2009 -a universidade já decidiu que permanecerá fora neste ano.
"Sentimos que há uma tendência de a USP e a Unicamp
passarem a participar do Enade", afirmou Franco. "Vamos
aperfeiçoando a avaliação. E os
pontos levantados pela USP
contribuem para isso."
Mudanças
Uma das principais críticas
das universidades estaduais de
São Paulo ao exame é o sistema
de amostragem da prova. Segundo Pimenta, a USP pede a
alteração desse ponto porque a
amostra pode não representar
a totalidade do curso.
Outra alteração sugerida pela
instituição é a adoção de algum
benefício às instituições que tenham cursos considerados inovadores, como os interdisciplinares. "A nossa intenção é que a
diversidade existente em grandes universidades como a USP
sejam valorizadas", disse.
A instituição também pede
que não haja premiação aos
alunos com os melhores resultados no Enade (o governo concede bolsas de pós-graduação a
esses formandos), revisão da
prova aplicada aos ingressantes
e adoção de um mecanismo que
acabe ou atenue os efeitos do
boicote dos alunos.
Uma das alterações propostas foi acatada já nos resultados
divulgados nesta semana: a utilização de dados do cadastro do
corpo docente (que avalia, por
exemplo, a titulação dos professores) na avaliação.
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