São Paulo, sábado, 8 de agosto de 1998

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PERIGO NO AR
Se for condenado, pena de Leonardo Teodoro de Castro, que está com prisão decretada, superará 200 anos
Família esconde professor do caso TAM

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

O professor Leonardo Teodoro de Castro, 59, acusado de ter explodido parte de um Fokker-100 da TAM no dia 9 de julho do ano passado, foi escondido pela sua família. O local do "esconderijo" está sendo mantido em absoluto segredo. Em princípio, nem seu advogado, Tales Castelo Branco, saberia onde fica o lugar. Castro está com a prisão preventiva decretada desde o final da semana passada, quando desapareceu.
"Ele foi levado para um local seguro", declarou Castelo Branco. Castro foi denunciado pela Procuradoria da República por causa da explosão, que provocou a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura, jogado para fora da aeronave. Ele foi acusado de homicídio doloso qualificado, tentativa de homicídio qualificado (50 vezes), tentativa de homicídio qualificado contra menores de 14 anos (8 vezes) -agravados pelo emprego de explosivo- e provocação de sinistro em meio de transporte aéreo. Se for condenado com base nessa denúncia, a pena de Castro deverá ser superior a 200 anos.
De acordo com a procuradoria, a prisão do professor foi decretada porque ele representaria "perigo à sociedade e à sua própria vida". Há suspeitas de que ele tenha tentado se suicidar quando foi atropelado por um ônibus dias após a explosão do avião. Por conta do atropelamento, que deixou sequelas em seu cérebro, o acusado ficou mais de cem dias internado.
Na última terça-feira, agentes da Polícia Federal em Belo Horizonte foram até Divinópolis, onde o professor estava morando, em casa de parentes. No entanto, nada encontraram. Só alguns parentes, que afirmaram não saber o paradeiro do acusado.
Segundo Castelo Branco, Castro vai ficar escondido enquanto perdurar a decisão de encaminhá-lo para um presídio comum. "Se essa ameaça permanecer, ele não vai se apresentar. Ele não pode perder sua dignidade. Enquanto isso não acontecer, ele vai continuar resguardado", afirmou o advogado, que considera arbitrária a decisão de prender o professor.
No entanto, caso a Justiça ofereca uma instituição psiquiátrica para internar o acusado, Castelo Branco declarou que a família e ele estão dispostos a pensar. "Ele é um homem inválido. Não pode ficar em qualquer lugar."
"Ele (Castelo Branco) tem que dizer isso nos autos. Só assim poderíamos nos manifestar a respeito do assunto", declarou o procurador Paulo Taubemblat.
O advogado afirmou que já está elaborando o pedido de habeas corpus do professor. O documento deve ser entregue à Justiça dentro de dez dias. Castelo Branco continua sustentando a inocência de seu cliente. Para ele, as investigações foram muito precipitadas.



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