São Paulo, quarta-feira, 08 de setembro de 2004

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CLIMA

Em 5 das 8 áreas medidas na cidade de São Paulo foram registrados índices inferiores a 20%, em que há algum risco à saúde

Umidade cai no dia mais quente do ano

Marcelo Ximenez/Folha Imagem
Usuários no parque Ibirapuera (zona sul de SP), que ficou lotado apesar das recomendações para evitar o local por conta da poluição


DA REPORTAGEM LOCAL

O inverno nem acabou, mas a cidade de São Paulo teve no 7 de Setembro o dia mais quente do ano, com uma temperatura máxima de 32,8C (até então, o recorde foi em fevereiro, 32,5C). O calor reforçou a sensação de secura: a umidade do ar caiu oito pontos percentuais em 24 horas e foi a 22% ontem, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia). O clima seco deve seguir pelo menos até sexta-feira, com a chegada de uma frente fria.
A média de ontem esconde índices ainda mais baixos. Dos oito pontos de medição do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) em operação, cinco registraram umidades menores que 20%, quando há algum risco à saúde. O ar esteve mais seco na Freguesia do Ó, zona norte (13% às 15h55), e na Consolação, região central (16% às 14h25).
O ar seco pode causar irritação nos olhos, sangramento de nariz e problemas respiratórios.
Beber muita água é a principal recomendação para não passar mal. O pneumologista Clystenes Soares da Silva, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), afirma ser válido umidificar o ambiente -um jeito fácil de fazer isso é colocar toalhas molhadas ou bacias de água. "Mas isso é paliativo", afirma o médico.
Quem sofre mais são os portadores de problemas como asma ou rinite. Para alguns, pode ser hora de adequar o remédio. Os que nunca usaram medicamentos devem avaliar, com o médico, se isso agora é necessário.
Os sangramentos do nariz, afirma Silva, são comuns em quem tem mucosa sensível. A saída é usar umidificadores nasais.

Ibirapuera
A boa notícia é que, apesar das condições desfavoráveis à dispersão da poluição do ar (baixa umidade, poucos ventos e calor), a Cetesb (agência ambiental paulista) suspendeu, na tarde de ontem, o estado de atenção no entorno do parque Ibirapuera (zona sul), decretado domingo por causa dos altos índices de ozônio.
Apesar das recomendações para que as pessoas evitassem exercícios físicos, o parque Ibirapuera ficou lotado ontem durante todo o dia -a maioria aproveitou justamente para praticar esportes.
"O ar está muito seco", disse Adriana Silva, 26, que caminhava no parque com a filha Maria Fernanda, de nove meses. "Ela está tossindo um pouco", admitiu.
Segundo uma enfermeira que atendia no posto médico instalado na administração do parque, uma menina de três anos teve de ser levada ao hospital com uma forte crise de falta de ar. Segundo ela, um mal-estar provavelmente provocado pela poluição.
Apesar dos sintomas que a poluição pode causar, alguns freqüentadores diziam não se importar com a umidade baixa. "O vento está gostoso e até agora eu não senti nada", disse Luiz Bispo, que passeava com Elen Moura, de um ano e nove meses. "Ela também não reclamou", disse ele.
"Eu ouvi na televisão sobre a poluição. Mas aqui está bom e ela não tem nenhum problema", afirma Martinha Freire da Cunha, que tomava sol com a filha Daniele, de três anos.
O menor número de carros circulando na cidade desde o sábado, em decorrência do feriado, pode ser um dos fatores responsáveis pela melhora na região do Ibirapuera ontem. Ainda assim, todas as 26 estações de medição da agência que funcionaram ontem no Estado registraram um ar de qualidade inadequada.


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