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RIO
Exército diz que os três invasores foram confundidos com criminosos; unidade está cercada de favelas em área violenta da cidade
Rapaz foge de tiroteio e é baleado em quartel
ANTÔNIO GOIS
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Sentinelas do Exército atiraram
contra três rapazes que, na tentativa de escapar de um tiroteio na
favela Roquete Pinto (Ramos, zona norte do Rio), entraram correndo, ontem de madrugada, no
vizinho 24º Batalhão de Infantaria
Blindada (BIB). Eles estavam desarmados. Um deles foi baleado
no braço direito. Os outros não
foram atingidos.
De acordo com o Comando Militar do Leste (CML) -representação do Exército no Rio-, os
militares atiraram porque os invasores, um dos quais tem 16
anos, não obedeceram à ordem
de parar dada pelo sentinelas.
Um dos quartéis do Exército espalhados pela avenida Brasil (via
expressa que liga as zonas norte e
oeste do Rio), o 24º BIB é cercado
por favelas do complexo Maré,
uma das áreas mais violentas da
região metropolitana do Estado e
caracterizada por confrontos entre traficantes rivais e policiais.
Em junho, os sentinelas repeliram um ataque que teria sido realizado por traficantes do complexo com o objetivo de roubar armas do quartel.
De acordo com o CML, os rapazes que entraram no quartel em
disparada, às 5h45, foram confundidos com criminosos pelos
sentinelas. Como não pararam,
foram atacados.
Depois de rendidos pelos militares, os rapazes disseram que
tentavam escapar dos tiros que
estavam sendo trocados por traficantes na favela. A princípio, a
versão foi desconsiderada pelos
militares. À tarde, o CML informou que a história relatada pelos
rapazes era verdadeira.
O jovem baleado, sem gravidade, no braço direito pelos sentinelas foi medicado no Hospital Central do Exército e, em seguida, levado de volta ao batalhão.
O nome do menor não foi divulgado pelo Exército. Os outros são
Tiago Luiz da Conceição de Moura Costa, 18, e Leandro da Silva
Campos, 19. O CML não informou qual deles foi baleado.
Crime militar
Em nota oficial divulgada à tarde, o Comando Militar do Leste
informou que os invasores cometeram crime militar e permanecerão presos no 24º BIB enquanto
durarem as investigações.
O pai do menor, que se identificou apenas como Luiz Antônio,
esteve no quartel pela manhã. Ele
confirmou que o filho e os amigos
entraram no batalhão para fugir
de um tiroteio na Roquete Pinto.
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