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Prédio vai ocupar lugar de sobrados nos Jardins
Seis construções da década de 60 na rua Peixoto Gomide serão demolidas
Locais eram utilizados por cinco estabelecimentos comerciais e uma casa; todos os antigos inquilinos já deixaram o conjunto
DA REPORTAGEM LOCAL
As portas fechadas e as faixas
que indicam a mudança próxima denunciam: um conjunto
de seis sobrados geminados na
rua Peixoto Gomide, nos Jardins (zona oeste de São Paulo),
construídos na década de 60,
será colocado abaixo para dar
lugar a um prédio residencial.
Os sobrados são os únicos do
quarteirão compreendido entre a alameda Franca e a rua José Maria Lisboa, próximo à avenida Paulista. Eram utilizados
por cinco estabelecimentos comerciais e uma casa, que deveriam ser desocupados até o próximo dia 15.
Os inquilinos, no entanto, se
anteciparam: os últimos deixaram o local nesta semana. A demolição ainda não tem prazo
para ocorrer.
"É um imóvel diferente, porque não tem mais casas nessa
região dos Jardins", lamenta a
empresária Bianca Mesquita,
32, que ocupava um dos seis sobrados do local.
Ela fez da garagem a recepção do pet shop, que ocupava
um terreno de 250 m2. Pagava
R$ 5.500 entre aluguel e impostos, mas, agora, pagará o dobro por um imóvel na rua Estados Unidos, mais valorizada.
"Eu não queria sair daqui, porque a clientela é toda dos prédios da vizinhança."
Mesquita ouvia falar da demolição dos sobradinhos desde
que começou a ocupar o imóvel, há quatro anos. "Sabia que
a proprietária das casas iria ceder, cedo ou tarde, à pressão do
mercado imobiliário. Era questão de tempo."
Nesta semana, uma lavanderia também deixou local.
Tristeza e entusiasmo
A escola infantil que funciona em frente ao conjunto de sobrados vê a demolição por dois
ângulos diferentes: o primeiro,
com tristeza pela saída de casas
que lembram uma São Paulo
ainda horizontal; o segundo,
com entusiasmo pela possibilidade de que o prédio que chegará traga novos alunos.
"De um tempo para cá os prédios vêm aumentando", afirma
Suzana Campos Salles, 31, diretora da escola. "O dinheiro
manda, né?", resume Francisco
de Assis da Silva, 46, motorista
do colégio.
Alto padrão
Um prédio residencial de alto
padrão da construtora Sanca
será construído no lugar onde
hoje estão os sobradinhos. Não
se sabe quanto custará cada
apartamento.
O metro quadrado da região
da avenida Paulista, porém, está entre os mais valorizados da
cidade de São Paulo -custa
aproximadamente R$ 5.000. A
Folha tentou contato com a
Sanca. A empresa, no entanto,
não retornou os recados deixados pela reportagem.
Os sobrados não estavam
tombados pelos órgãos de patrimônio histórico, o que possibilita que sejam demolidos.
A Prefeitura de São Paulo diz
que a empresa tem autorização
para que a demolição seja mesmo realizada.
A família da proprietária,
uma mulher de cerca de 90
anos identificada como Maria
Aparecida, não quis revelar o
valor da venda.
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