São Paulo, sexta-feira, 08 de setembro de 2006

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Prédio vai ocupar lugar de sobrados nos Jardins

Seis construções da década de 60 na rua Peixoto Gomide serão demolidas

Locais eram utilizados por cinco estabelecimentos comerciais e uma casa; todos os antigos inquilinos já deixaram o conjunto


DA REPORTAGEM LOCAL

As portas fechadas e as faixas que indicam a mudança próxima denunciam: um conjunto de seis sobrados geminados na rua Peixoto Gomide, nos Jardins (zona oeste de São Paulo), construídos na década de 60, será colocado abaixo para dar lugar a um prédio residencial.
Os sobrados são os únicos do quarteirão compreendido entre a alameda Franca e a rua José Maria Lisboa, próximo à avenida Paulista. Eram utilizados por cinco estabelecimentos comerciais e uma casa, que deveriam ser desocupados até o próximo dia 15.
Os inquilinos, no entanto, se anteciparam: os últimos deixaram o local nesta semana. A demolição ainda não tem prazo para ocorrer.
"É um imóvel diferente, porque não tem mais casas nessa região dos Jardins", lamenta a empresária Bianca Mesquita, 32, que ocupava um dos seis sobrados do local.
Ela fez da garagem a recepção do pet shop, que ocupava um terreno de 250 m2. Pagava R$ 5.500 entre aluguel e impostos, mas, agora, pagará o dobro por um imóvel na rua Estados Unidos, mais valorizada. "Eu não queria sair daqui, porque a clientela é toda dos prédios da vizinhança."
Mesquita ouvia falar da demolição dos sobradinhos desde que começou a ocupar o imóvel, há quatro anos. "Sabia que a proprietária das casas iria ceder, cedo ou tarde, à pressão do mercado imobiliário. Era questão de tempo."
Nesta semana, uma lavanderia também deixou local.

Tristeza e entusiasmo
A escola infantil que funciona em frente ao conjunto de sobrados vê a demolição por dois ângulos diferentes: o primeiro, com tristeza pela saída de casas que lembram uma São Paulo ainda horizontal; o segundo, com entusiasmo pela possibilidade de que o prédio que chegará traga novos alunos.
"De um tempo para cá os prédios vêm aumentando", afirma Suzana Campos Salles, 31, diretora da escola. "O dinheiro manda, né?", resume Francisco de Assis da Silva, 46, motorista do colégio.

Alto padrão
Um prédio residencial de alto padrão da construtora Sanca será construído no lugar onde hoje estão os sobradinhos. Não se sabe quanto custará cada apartamento.
O metro quadrado da região da avenida Paulista, porém, está entre os mais valorizados da cidade de São Paulo -custa aproximadamente R$ 5.000. A Folha tentou contato com a Sanca. A empresa, no entanto, não retornou os recados deixados pela reportagem.
Os sobrados não estavam tombados pelos órgãos de patrimônio histórico, o que possibilita que sejam demolidos.
A Prefeitura de São Paulo diz que a empresa tem autorização para que a demolição seja mesmo realizada.
A família da proprietária, uma mulher de cerca de 90 anos identificada como Maria Aparecida, não quis revelar o valor da venda.


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