São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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TRAGÉDIA
Igreja pagou enterros e diz que vai dar dinheiro, emprego e cirurgia plástica, embora tenha agido dentro da lei
Universal rejeita culpa e promete indenizar

ROGÉRIO GENTILE
da Reportagem Local

A Igreja Universal do Reino de Deus informou ontem que vai indenizar todas as vítimas do acidente ocorrido na madrugada de sábado no templo de Osasco. Segundo o pastor e deputado federal Wagner Salustiano (PPB), isso não significa que a igreja se considere culpada pela tragédia. "Não somos culpados. Temos toda a documentação necessária para provar que fizemos tudo que manda a lei", disse. O deputado afirmou que não era possível mostrar os documentos à reportagem ontem, por ser feriado nacional. O deputado diz ter "certeza" de que a Justiça vai apurar as responsabilidades. "O culpado será responsabilizado. Mas não dá para ficar esperando até a Justiça mandar que ele repare os prejuízos." Segundo o deputado, que concorre à reeleição nas eleições de outubro, a ajuda será abrangente. "Quem machucou o rosto, por exemplo, e precisar de uma cirurgia plástica terá todos os custos bancados pela igreja", afirmou. Salustiano disse também que as famílias que perderam um de seus membros vão receber, mensalmente, um salário pago pela igreja com o mesmo valor que a vítima recebia. "Podemos arranjar emprego para os parentes também." Segundo o deputado, Edir Macedo encarregou um pastor, que ele identificou apenas como Delmar, para cuidar das indenizações. "Será dado todo o tipo de amparo necessário", afirmou. A igreja pagou o enterro das vítimas, segundo informou ontem a Prefeitura de Osasco.

Vigília
Na madrugada do acidente, Salustiano esteve no templo, localizado há menos de cem metros do Osasco Plaza Shopping, onde em junho de 1996 houve uma explosão que matou 42 pessoas.
"Saí uns 15 minutos antes da queda e recebi a notícia quando estava chegando em casa", disse o deputado, que mora na Mooca, zona sudeste de São Paulo.
Cartazes eleitorais com o nome e o número de Salustiano estavam afixados nas paredes do templo da Universal. O deputado disse que a reunião tinha caráter religioso e "não político".
No momento do acidente, estava sendo realizada uma vigília. Cerca de 1.300 pessoas participavam do culto, orando e cantando.
A igreja sustenta que foi correto o procedimento do pastor Reinaldo Suisso, que prosseguiu com o culto após uma placa do teto ter caído, minutos antes do desabamento de um terço da cobertura.
Em programa na Rede Record, o pastor Onorilton Gonçalves disse que a placa que caiu era leve (de lã de vidro), usada no isolamento acústico. Segundo ele, isso acontece com alguma frequência em outros templos, sem causar dano.



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