São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998

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Menina baleada vai respirar sem ajuda

da Sucursal do Rio

Os médicos que cuidam de Camila Magalhães Lima, 12, atingida no pescoço por uma bala perdida na última quinta-feira, começaram ontem a retirar os aparelhos de respiração artificial aos quais ela está conectada. O objetivo é avaliar se ela consegue voltar a respirar sozinha.
Na madrugada de ontem morreu no hospital Salgado Filho (Méier, zona norte), o mesmo onde Camila está internada, o menino Michel da Conceição Delfin, 12, também atingido no pescoço por uma bala perdida.
Ele estava internado desde o dia 5 de maio e morreu de infecção respiratória. Segundo o médico Marco Antonio Cotrin, chefe da equipe de médicos do Salgado Filho, Michel morreu porque não conseguia respirar sem aparelhos e seus pulmões perderam a capacidade de autolimpeza.
"O fato de ele não respirar mostrou que o traumatismo atingiu a musculatura responsável pela respiração", disse.
Segundo o médico, o processo de desligamento de Camila dos aparelhos deve demorar cerca de três dias. Ao longo desse período, as reações da menina serão avaliadas para saber se as expectativas positivas se confirmam. Ao mesmo tempo em que os aparelhos forem sendo retirados os médicos irão reduzindo a carga de sedativos que Camila está recebendo, também para testar a capacidade de reação do seu organismo.
Cotrin avalia que somente no prazo de quatro a seis dias será possível saber se Camila ficará ou não tetraplégica em consequência do ferimento.
Ela foi operada no sábado para retirada da bala e colocação de um enxerto de titânio na sétima vértebra cervical, local atingido pelo tiro. O médico afirmou que a menina apresenta "reações" nos membros superiores e paralisia completa nos inferiores.
Durante a semana, os médicos avaliarão se essas reações nos membros superiores significam a possibilidade de que Camila recupere os movimentos daquela parte do corpo.
Camila foi atingida por uma bala em meio de um tiroteio entre assaltantes e seguranças particulares quando voltava da escola para casa, ao meio-dia da quinta-feira, no bairro de Vila Isabel (zona norte).
Por coincidência, ela foi levada para o CTI (Centro de Tratamento Intensivo) do hospital Salgado Filho, o mesmo onde estava há quatro meses o menino Michel, vítima de problema semelhante.
Ele foi atingido por uma bala perdida também quando voltava da escola, no bairro de Jacarepaguá (zona oeste), em companhia da mãe. Segundo a polícia, o tiro que atingiu o menino foi disparado de um veículo que passava no local em alta velocidade, com vários homens a bordo.



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