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PREVENÇÂO
País deve apresentar programa para prevenir surgimento de doenças cardíacas
Brasil é laboratório de estilo de vida
NOELLY RUSSO
da Reportagem Local
O Brasil vai se tornar um grande
laboratório para uma campanha
de mudança no estilo de vida de
sua população. O objetivo é prevenir o aparecimento de doenças
cardíacas.
A partir de 1º de janeiro de 99, os
brasileiros começam a ser doutrinados a olhar com desconfiança
para feijoadas, salgadinhos e hambúrgueres. Também vão ser "empurrados" das poltronas para
praticar algum tipo de exercício físico.
O projeto pretende evitar o problema cardíaco antes que ele apareça. A prevenção é a maneira
mais eficiente e barata de fazê-lo.
Hoje, os problemas cardíacos são
a primeira causa de morte em todo
o mundo.
A decisão para deflagrar a campanha foi tomada em abril, durante o Congresso Mundial de Cardiologia, no Rio, e a escolha do
Brasil se deveu à eleição do novo
presidente da entidade, o cardiologista Mário Maranhão, do Paraná.
"A campanha tem o apoio da
Organização Mundial da Saúde
(OMS) e Unesco (Organização das
Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura). Para realizá-la,
estão sendo estudados convênios
com os ministérios da Saúde e da
Educação", diz Maranhão.
Mudança de hábito
A campanha vai durar dois anos.
Depois de terminada, as práticas
adotadas no Brasil serão avaliadas
para eventualmente serem implantadas nos outros países. Os
brasileiros devem apresentar o
impacto da mudança no estilo de
vida na incidência de doenças coronárias.
O principal objetivo é, em dois
anos, observar se houve decréscimo nos casos e se houve mudanças significativas nos hábitos da
população.
Também deve ser mostrada a relação de um eventual decréscimo
em problemas coronários com a
mudança no estilo de vida.
Segundo Maranhão, a campanha definiu quatro públicos distintos que serão abordados de
acordo com suas características.
"Vamos começar com as crianças. Toda campanha de prevenção
é educativa e deve estar ligada à
escola. Por isso, o Ministério da
Educação deve incluir materiais e
informações sobre o assunto nas
escolas. As crianças vão ser ensinadas, com dados bem básicos, a
cuidar de sua saúde. A "Turma da
Mônica' vai ilustrar as informações para eles, em parceria com a
Fundação Maurício de Souza,
com a Sociedade Brasileira de Cardiologia e com o Incor de São Paulo", afirma o cardiologista.
O principal grupo são os adultos
expostos a situações de risco. Nessa categoria se enquadram hipertensos e diabéticos, além de fumantes, estressados, sedentários e
todos os que mantêm hábitos alimentares desaconselháveis.
Nesse grupo, os homens são o
alvo principal, já que a incidência
de problemas no coração ainda é
maior nos homens do que nas
mulheres. Para esse grupo serão
reforçados os avisos para abandonar o cigarro, evitar alimentos
gordurosos e praticar algum tipo
de esporte.
Atenção especial
As mulheres ganharam atenção
especial. "O número de mulheres
com problemas cardíacos vem aumentando. Os principais motivos
são o tabagismo -elas estão fumando mais- e o estilo de vida.
Elas copiaram o que tinha de pior
no estilo de vida dos homens. Comem mal, sofrem estresse e por isso estão mais vulneráveis a problemas no coração", diz Maranhão.
Os idosos formam o último alvo
da campanha. "Apesar de menos
propensos a infartos, os idosos
precisam se cuidar. Para eles, o estilo de vida saudável é muito importante. Nunca é tarde para começar a fazer prevenção."
O cardiologista diz ainda que
projeto semelhante realizado em
menor escala nos Estados Unidos
apresentou os melhores resultados no grupo da terceira idade.
Segundo Maranhão, todo o projeto será acompanhado pela OMS
e pelas sociedades de cardiologia
de países desenvolvidos.
"Muitos não sabem, mas o Brasil tem o mesmo grau de problemas e doentes cardíacos que países desenvolvidos. É um país que
ainda luta contra o cólera, mas
também precisa se preocupar com
o coração."
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