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Incêndio de 2006 em fundação é investigado
Parte da documentação contábil da Fundação Vanzolini foi destruída no fogo; Ministério Público apura se houve queima de provas
Instituição foi alvo de um esquema de desvio de verbas que provocou rombo de R$ 5,4 milhões entre
os anos de 2006 e 2008
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Um incêndio ocorrido na
Fundação Vanzolini no final de
2006, visto na época como uma
ação de vândalos durante um
furto, é investigado agora como
uma possível queima de provas
do esquema de desvio de recursos montado por funcionários
dentro da instituição.
A fundação é uma instituição
privada, criada nos anos 60 pelos professores da Politécnica
da USP para apoiar as pesquisas da universidade. Conforme
a Folha revelou ontem, ela foi
alvo de um esquema de desvio
de verbas realizado por ex-funcionários que provocou um
rombo de R$ 5,4 milhões entre
os anos de 2006 e 2008.
Para maquiar a saída de dinheiro, de acordo com ação da
Promotoria, os ex-funcionários
utilizavam notas fiscais falsas
e, ainda, uma rede de 21 empresas "laranjas". Uma dessas empresas, a Presto, recebeu quase
R$ 400 mil por consultorias
prestadas à fundação. Também
registrada como Recanto da
Pesca, a Presto é uma loja especializada em "comércio de artigos de caça, pesca e camping".
De acordo com ação civil
ajuizada pelo Ministério Público, parte da documentação
contábil da Fundação Vanzolini foi destruída no incêndio.
"Dados os acontecimentos
discutidos na presente demanda [ação civil], pode-se até cogitar que o incêndio tenha ocorrido dolosamente [de maneira
intencional], para encobrir a
fraude que estava sendo praticada", afirma trecho do documento assinado pelo promotor
Airton Grazzioli, da Curadoria
de Fundações.
Procurado durante dois dias
pela Folha, Grazzioli disse que
não pode comentar o assunto
porque o caso está "sub judice".
Esse incêndio coloca em dúvida se o valor desviado foi ainda maior. Até porque o principal suspeito de coordenar a
fraude na fundação, o então gerente financeiro Luiz Roberto
de Pierre, assumiu o cargo em
2004, ficando por cerca de quatro anos -saiu em 2008.
Até agora, a suspeita está
concentrada entre os anos de
2006 a 2008, período em que
as auditorias encontraram os
supostos desvios. Os documentos destruídos estavam em um
prédio da fundação que ficava
na Lapa (zona oeste da capital),
mas hoje está desativado.
O presidente da diretoria-executiva da fundação, Mauro
Zilbovicius, disse que na época
foram feitos boletins de ocorrência e que as "causas imediatas" apontavam para um assalto, "durante o qual os assaltantes atearam fogo em uma edícula do prédio".
"Foi feito boletim de ocorrência à época, e mais nada se
soube. [...] Na medida em que
documentos foram destruídos,
é possível estabelecer a conexão [da possível destruição de
provas], mas a investigação
ocorrerá, agora, no âmbito da
Justiça", disse ele, por e-mail.
Mesmo com a queima de
parte dos documentos, o presidente da fundação diz não haver possibilidade de outros
desvios além dos apontados
pelas auditorias. Ele assumiu o
cargo para o biênio 2008/2009.
Na última segunda-feira,
Luiz Roberto de Pierre disse à
Folha que desconhecia o processo e que indicaria um advogado para falar com a reportagem, o que não aconteceu. Na
tarde de ontem, o ex-gerente financeiro não foi localizado.
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