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Invasões atingiram o
ápice no ano passado
DA REPORTAGEM LOCAL
As invasões de prédios pelos
sem-teto, em São Paulo, se começaram em 1997, diminuíram um
pouco em 1998 e atingiram o ápice no ano passado. Este ano, foram invadidos um prédio, no último sábado, e um terreno da Secretaria de Estado da Segurança
Pública, na manhã de ontem.
As informações são da UMM
(União de Movimentos de Moradia), que congrega os principais
grupos de sem-teto da cidade.
Em 97, foram invadidos cinco
prédios, dos quais quatro ainda
estão ocupados por 411 famílias.
No ano seguinte, foram duas invasões, um prédio já foi desocupado, e outro abriga 45 famílias.
No ano passado, foram invadidos sete prédios, dos quais seis
permanecem com 2.570 famílias.
A única reintegração de posse
ocorreu no antigo prédio do Banco Nacional, na rua Líbero Badaró, e resultou em um conflito de
cerca de seis horas entre os sem-teto do MMC e a tropa de choque,
da Polícia Militar.
Segundo os sem-teto, as invasões são planejadas de acordo
com a demanda. "De repente, de
setembro para cá, os despejos começaram a surgir como baratas
do esgoto, no verão", diz Solange
Carvalho, do MSTC.
"Para a maioria dos movimentos, a invasão não é um fim em si.
É um meio de pressionar o poder
público", afirma Evanisa Rodrigues, da UMM.
Como virar sem-teto
O processo para ingressar em
um dos movimentos é relativamente simples. Além de não ter
moradia, o candidato a sem-teto
tem de, primeiro, procurar uma
das facções, que podem ser encontradas nos prédios invadidos.
Outra solução indicada pelos
sem-teto é procurar uma igreja
onde haja um representante da
Pastoral da Moradia.
O candidato é convidado a
preencher um cadastro. Após esse
processo, ele é obrigado a participar das reuniões dos movimentos. Contribuições em dinheiro
não são obrigatórias, mas em casos de invasão são necessárias.
"Os integrantes do movimento
têm de arcar com as despesas de
água, luz, manutenção e vigilância dos prédios invadidos", diz Lisete Gomes das Neves, do MSTC.
Disputa
As subdivisões entre os sem-teto acabaram gerando uma espécie
de disputa pelos prédios vazios do
centro. Segundo uma relação única entre os movimentos, há cerca
de 70 edifícios abandonados na
região central de São Paulo.
Quem invadir primeiro, ganha.
Por isso, há situações como a vivida no prédio da rua Fernão Dias,
reformado por meio do PAR. Lá,
os sem-teto que receberão as chaves da Caixa ficam acampados
para impedir que outros sem-teto
invadam o mesmo imóvel.
Segundo a Caixa, o prédio invadido no último sábado, na avenida Duque de Caxias, por integrantes do MSTC, estava em processo de negociação entre os proprietários, do Grupo Savoy, e os
sem-teto do MMC. "Nós só ficamos sabendo disso depois", afirma Solange Carvalho.
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