|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Presidente de entidade, único estabelecimento a não fechar as portas, diz que foi ameaçado e que havia "olheiros" no local
"Foi ordem do comando", afirma sindicalista
DA REPORTAGEM LOCAL
Aviso na madrugada, cinco telefonemas durante o dia, um diretor cercado por olheiros na rua e
ameaças feitas por homens que
passaram em frente ao prédio.
Apesar da pressão, o Sindicato
dos Empregados da Construção
Civil foi o único estabelecimento
que se negou a obedecer ao toque
de recolher imposto em quatro
ruas do bairro do Glicério, no centro de São Paulo.
A pressão começou às 5h30 de
ontem. O presidente do sindicato,
Antonio de Sousa Ramalho, foi
acordado por uma ligação no seu
telefone celular. Um homem não-identificado afirmava que a cerimônia de posse da nova diretoria,
prevista para ser realizada ontem
pela manhã, deveria ser suspensa
por causa da morte de dois homens, anteontem, em confronto
com a Polícia Militar.
O tom ainda era de pedido, mas
Ramalho, sindicalista ligado à
Força Sindical, disse que não iria
obedecer. Durante o dia, telefonemas para a sede do sindicato, na
rua Conde de Sarzedas, já ameaçavam com represálias.
Um diretor foi cercado por homens quando chegava à sede do
sindicato pela manhã. Ele foi
questionado sobre o motivo por
que a entidade não seguia os outros estabelecimentos comerciais
e baixava as portas e alertado de
que o sindicado poderia sofrer represálias quando a polícia deixasse de monitorar o local.
"Eles falaram que o toque de recolher era ordem do comando
[como também é chamado o
PCC" e que haveria represálias se
ela não fosse cumprida", afirmou
o sindicalista.
Atendimento
A diretoria do sindicato chegou
a se reunir à tarde para decidir se
iria manter a sede aberta. A entidade atende aproximadamente
3.500 pessoas por dia -2.600
apenas no ambulatório médico.
"Aqui é um sindicato, representa
trabalhadores, e não vamos ceder
a nenhuma organização criminosa", disse Ramalho.
Ele disse que viu vários olheiros
andando pelas ruas para verificar
se todos os comerciantes realmente fecharam as portas. Cerca
de cem pequenos estabelecimentos seguiram o toque de recolher.
O presidente do sindicato disse
que desconhecia as pessoas que
foram presas e os dois mortos pela Polícia Militar, mas afirmou
que pediu anteriormente reforço
do policiamento à Secretaria da
Segurança Pública por causa do
grande número de assaltos na região.
(GILMAR PENTEADO)
Texto Anterior: Segurança: Medo do tráfico fecha comércio no centro Próximo Texto: Rota vai atacar crime, afirma Geraldo Alckmin Índice
|