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Polícia conclui que padre Júlio sofreu extorsão
Fim do inquérito leva ao indiciamento dos quatro suspeitos, que estão presos
Advogado dos acusados afirma que as provas "são frágeis"; polícia investiga se assalto à casa do religioso foi motivado por vingança
DO "AGORA"
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil afirmou ontem considerar esclarecido o
inquérito que apura extorsão
de dinheiro do padre Júlio Lancelotti, 58. O religioso é vítima e
os quatro acusados foram indiciados, segundo a polícia.
O inquérito será analisado
pelo juiz Júlio Caio Farto Sales.
O magistrado poderá pedir novas investigações, caso considere as provas insuficientes.
Para o delegado André Luiz
Pimentel, responsável pela investigação, há provas testemunhais e técnicas que embasam a
acusação contra o ex-interno
da antiga Febem, Anderson Batista, 25, sua mulher, Conceição Eletério, 44, e os irmãos
Evandro e Everson Guimarães.
Em agosto, o padre Júlio procurou a polícia alegando que estava sendo vítima de extorsão
por parte do ex-interno. Disse
que Anderson o ameaçava de
agressão e de denunciá-lo falsamente por pedofilia.
Os quatro foram presos. O
ex-interno, porém, disse à polícia e ao juiz ter recebido cerca
de R$ 600 mil do padre, durante seis anos, em troca de relações sexuais. A defesa do padre
diz que o religioso deu R$ 150
mil aos criminosos, sob ameaças de falsa denúncia de pedofilia e de agressão.
"O crime de extorsão está caracterizado independentemente se houve isso [relação
sexual] ou não", afirmou o delegado. O advogado de defesa dos
acusados, Nelson Bernardo da
Costa, 47, disse que vai contestar na Justiça as provas de extorsão apresentadas pela polícia. "A polícia apresentou provas frágeis, as gravações do padre não mostram o Anderson
ameaçando o padre."
Vítima no inquérito de extorsão, o padre é investigado em
outro caso que apura suposta
corrupção de menores -que
ele nega ter cometido.
Assalto
O assalto ocorrido em 1º de
novembro de 2006 na casa do
padre Júlio, na zona leste, é investigado pela polícia como
vingança por parte de Marcos
José de Lima, 31, contra o religioso e contra Anderson.
Acusado de traficar drogas,
Lima está preso desde 19 de
abril deste ano. Assim como
Anderson, Lima também afirmou manter relacionamento
íntimo com o religioso e que
por isso recebia dinheiro dele.
Atualmente, Lima cumpre pena de um ano e oito meses.
Para esclarecer a invasão à
casa do padre, a polícia quer interrogar o acusado. Existe a
suspeita de que ele tenha se rebelado contra o padre para prejudicar o ex-interno Batista e
sua mulher, Conceição Eletério, 44, para quem ele teria traficado drogas na região do Pari,
área central de São Paulo.
Lima e Batista se desentenderam por causa do tráfico. Para se vingar dele e de Conceição, Lima teria resolvido armar
o assalto no início de novembro
de 2006. Além de saber da proximidade entre Batista e Lancelotti, Lima sabia que a maior
parte do dinheiro mantido na
residência do religioso era repassado para o ex-interno da
Febem.
(DIEGO ZANCHETTA e ANDRÉ CARAMANTE)
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