|
Próximo Texto | Índice
Erro de manutenção provocou pane aérea
Resultados preliminares da investigação conduzida pela Aeronáutica indicam uma falha operacional de técnico militar
O responsável pelo engano já foi ouvido pela comissão que apura o caso e a FAB praticamente descarta a hipótese de sabotagem
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Os primeiros resultados da
investigação da pane na central
de rádio do Cindacta-1 (centro
de controle do tráfego aéreo sediado em Brasília), que praticamente parou os aeroportos do
país na última terça, indicam
que houve erro operacional de
um técnico de manutenção que
é militar da Aeronáutica.
O erro foi identificado, o técnico já foi ouvido pela comissão
de investigação, e a Aeronáutica ontem praticamente descartava a hipótese considerada inicialmente de ter havido sabotagem. O problema passou a ser
atribuído a um "erro de manuseio do equipamento".
"Sempre que há um problema há uma conjugação de fatores que explicam esse problema (...) Acho que foi mais uma
falha, uma falha humana do
que qualquer ato de sabotagem", disse ontem a ministra
Dilma Rousseff (Casa Civil), em
entrevista à TV Globonews.
Apesar disso, ainda está sendo apurado o motivo do erro do
técnico, que pode ter sido desatenção, inépcia ou -numa possibilidade cada vez mais remota- proposital. A Polícia Federal auxilia as investigações da
Aeronáutica.
A tese de sabotagem foi considerada desde o primeiro momento pela Aeronáutica e encampada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, em reunião com ministros e autoridades militares na terça à noite,
no Planalto, para discutir o colapso naquele dia.
Nessa reunião, Lula teria dito
que considerava "muita coincidência" a pane ter ocorrido justamente num momento de crise no setor, em que o governo
trava uma queda-de-braço com
os controladores de vôo.
Como só os técnicos de manutenção têm acesso à central
de rádio do Cindacta-1, as autoridades aeronáuticas chegaram
a considerar que eles poderiam
estar aderindo ao movimento
dos controladores de vôo, que
começou com uma operação-padrão, foi potencializado pelo
excesso de chuva e acabou num
completo caos com a pane no
sistema de rádio.
Hipóteses descartadas
A PF foi chamada a participar
das investigações para fazer
varreduras e apurar "interferências externas" nas freqüências de rádio, que são especiais,
protegidas, mas poderiam ter
sido afetadas por radioamadores possantes o suficiente para
criar "zumbidos estranhos" e
prejudicar os contatos do centro de controle com os aviões
em vôo.
As investigações estão descartando as sucessivas hipóteses e se concentrando num,
aparentemente, simples erro
operacional. Elas prosseguem,
com a participação de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e técnicos da empresa italiana que
forneceu o equipamento.
Ontem, caiu o número de
vôos cancelados e as filas de
passageiros diminuíram nos
aeroportos de Congonhas e de
Cumbica, em São Paulo.
Próximo Texto: Governo decide criar centros substitutos que possam operar em caso de pane Índice
|