São Paulo, sexta-feira, 08 de dezembro de 2006

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Erro de manutenção provocou pane aérea

Resultados preliminares da investigação conduzida pela Aeronáutica indicam uma falha operacional de técnico militar

O responsável pelo engano já foi ouvido pela comissão que apura o caso e a FAB praticamente descarta a hipótese de sabotagem

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Os primeiros resultados da investigação da pane na central de rádio do Cindacta-1 (centro de controle do tráfego aéreo sediado em Brasília), que praticamente parou os aeroportos do país na última terça, indicam que houve erro operacional de um técnico de manutenção que é militar da Aeronáutica.
O erro foi identificado, o técnico já foi ouvido pela comissão de investigação, e a Aeronáutica ontem praticamente descartava a hipótese considerada inicialmente de ter havido sabotagem. O problema passou a ser atribuído a um "erro de manuseio do equipamento".
"Sempre que há um problema há uma conjugação de fatores que explicam esse problema (...) Acho que foi mais uma falha, uma falha humana do que qualquer ato de sabotagem", disse ontem a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), em entrevista à TV Globonews.
Apesar disso, ainda está sendo apurado o motivo do erro do técnico, que pode ter sido desatenção, inépcia ou -numa possibilidade cada vez mais remota- proposital. A Polícia Federal auxilia as investigações da Aeronáutica.
A tese de sabotagem foi considerada desde o primeiro momento pela Aeronáutica e encampada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião com ministros e autoridades militares na terça à noite, no Planalto, para discutir o colapso naquele dia.
Nessa reunião, Lula teria dito que considerava "muita coincidência" a pane ter ocorrido justamente num momento de crise no setor, em que o governo trava uma queda-de-braço com os controladores de vôo.
Como só os técnicos de manutenção têm acesso à central de rádio do Cindacta-1, as autoridades aeronáuticas chegaram a considerar que eles poderiam estar aderindo ao movimento dos controladores de vôo, que começou com uma operação-padrão, foi potencializado pelo excesso de chuva e acabou num completo caos com a pane no sistema de rádio.

Hipóteses descartadas
A PF foi chamada a participar das investigações para fazer varreduras e apurar "interferências externas" nas freqüências de rádio, que são especiais, protegidas, mas poderiam ter sido afetadas por radioamadores possantes o suficiente para criar "zumbidos estranhos" e prejudicar os contatos do centro de controle com os aviões em vôo.
As investigações estão descartando as sucessivas hipóteses e se concentrando num, aparentemente, simples erro operacional. Elas prosseguem, com a participação de engenheiros do ITA (Instituto Tecnológico da Aeronáutica) e técnicos da empresa italiana que forneceu o equipamento.
Ontem, caiu o número de vôos cancelados e as filas de passageiros diminuíram nos aeroportos de Congonhas e de Cumbica, em São Paulo.


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