Quatrocentos e cinquenta anos, assim mesmo, por extenso, é o aniversário que eu devo comemorar ao final da construção dos túneis da av. Faria Lima, caso consiga sobreviver a 11 meses respirando o monóxido de carbono que o desvio da obra jogará na minha fuça.
Nada contra o progresso, mas, no caso de o leitor notar que, ao longo do ano, esta humilde datilógrafa que vos fala fôr ficando mais rabugenta e débil a cada semana, pode ter certeza de que dona Marta e o senhor Kaufmann terão algo a ver com o pato.
Explico: além de morar em local onde passará um dos desvios da obra dos túneis, nos próximos 30 meses terei de conviver com a construção de dois prédios mastodônticos, desses com cinco vagas na garagem, que estão sendo erguidos ao meu lado pela construtora Kaufmann.
Folgo em saber que terei vizinhos de alto nível, mas será que na edificação de seus belíssimos prédios a construtora precisa mesmo utilizar máquinas que cospem para dentro da minha sala de estar uma fumaceira negra de óleo diesel capaz de transformar o dia em noite? Cada um com seus problemas.
E um problema com o qual dona Marta definitivamente não deve perder tempo é o veto do Condephaat à construção da fonte no lago do Ibirapuera. Ué? O Condephaat também não tombou o Parque do Povo, na região do Itaim Bibi? Para quem não sabe, o tombamento foi ignorado de tal forma que os invasores que tomaram conta do pedaço hoje recebem até conta de luz.
A essa altura, o leitor deve estar dizendo para seus botões que a colunista entrou o ano com o pé esquerdo e que voltou do feriado ainda mais reclamona que de hábito. E é aí que eu desato a cantar "Alalaô", a bater bumbo e a jogar confete para festejar a decisão da secretária federal de Políticas para as Mulheres, Emília Fernandes, de incluir o planejamento familiar entre as contrapartidas exigidas dos beneficiados pelo programa Bolsa-Família.
Há uma turma do contra que prefere empacar na terminologia ou invocar a Carta Magna para dizer que a ministra não pode impor ao beneficiado que tome conhecimento da e xistência de formas para regular a fecundidade.
Pois eu digo que o simples fato de dona Emília ter colocado o planejamento familiar na pauta do governo já é motivo suficiente para que seja construída em sua homenagem uma estátua equestre em praça pública. Taí, será que a construtora Kaufmann não se habilita?

QUALQUER NOTA

Varre, vassourona!
Em seu primeiro discurso, na apresentação do Orçamento anual, o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, subiu ao palanque com uma vassoura em punho para simbolizar a varredura de gastos. Como o Exterminador fala difícil e usa roupas safári, convém deixar a ambulância de prontidão. Para entrar em ação assim que ele mencionar a existência de "forças terríveis".

Fire Island tapuia
Segredo bem guardado, o Réveillon de Parati ferveu. A cidade está se tornando a meca para gays de alto poder aquisitivo do mundo inteiro.

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