São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2004

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VIOLÊNCIA

Confissão de 12 assassinatos, feita por Adriano Silva, revelou erros da polícia

RS vai reabrir investigação de 6 mortes de garotos

TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA

Seis dos 12 casos de assassinatos de garotos no Rio Grande do Sul que foram confessados por Adriano da Silva, 25, serão reabertos e reavaliados com as novas circunstâncias. A informação é do secretário-adjunto de Justiça e Segurança, Fábio Medina Osório. Eles já eram dados como concluídos pela polícia.
As pessoas indiciadas pelos crimes, no entanto, continuarão detidas, pois existem indícios de que participaram dos crimes. As novas investigações dos casos não têm prazo para serem concluídas.
Ontem, o secretário da Justiça e Segurança, José Otávio Germano, disse que o governo devia desculpas aos familiares das vítimas. Segundo a secretaria, todos os crimes confessados por Silva precisarão ser investigados para que mais provas, que embasem o depoimento, sejam conseguidas.
A reconstituição do assassinato de Daniel Bernardi Lourenço, 13, foi adiada pela Polícia Civil. Ele seria uma das 12 vítimas de Silva.
O diretor do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), delegado João Paulo Martins, disse que o adiamento foi necessário para que uma equipe de peritos pudesse ser montada para acompanhar a reconstituição e as novas investigações.
No seu depoimento, Silva disse que enterrou o corpo de uma de suas vítimas sob uma churrasqueira em Soledade. Anteontem, a polícia encontrou um corpo de criança em adiantado estado de decomposição no exato lugar indicado por Silva. A polícia acredita que o corpo é de Douglas de Oliveira Hass, 10, desaparecido desde 19 de abril do ano passado.
A morte de Hass era dada como esclarecida. Segundo a investigação, ele teria sido morto por uma quadrilha apontada como autora de outros dois assassinatos de garotos em Soledade. Quatro homens estão presos pelo crime.
Em outro caso, sete menores foram indiciados pela morte de Volnei Siqueira dos Santos, 12, ocorrida em julho, em Passo Fundo. O resultado do exame de DNA do sangue e do esperma achados no corpo deu negativo na confrontação com o material dos suspeitos.
"Nossos filhos apanharam para confessar algo que não fizeram", disse uma das mães. O delegado Paulo Videla Ruschel, encarregado do caso, nega a acusação e diz que todos os depoimentos foram acompanhados por promotores.
Ainda em Passo Fundo, um representante comercial, de 48 anos, residente em Porto Alegre, está preso desde setembro. Ele responde pela morte do engraxate Jéferson Borges Silveira, 10.
Em dois depoimentos, ele confessou ter estado num hotel com um menor e ter apertado um fio no pescoço dele, mas diz não sabe se o matou. O vendedor alega que a vítima não era o engraxate.


Colaborou GERSON LOPES, free-lance para a Agência Folha, em Passo Fundo


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