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Rara, gravidez natural de quíntuplos causa surpresa
Caso é mais comum em reprodução assistida
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma sensação de "estufamento" no estômago levou a
dona-de-casa Elaine Martins
Cardoso, 31, a procurar um clínico geral no último dia 29. O
ultra-som pedido pelo médico
revelou uma gravidez.
Mais surpresas: Elaine está
no quinto mês de uma gestação
de quíntuplos -um bebê morreu, mas as quatro meninas estão saudáveis. A gravidez não
foi estimulada. A chance de
uma gravidez natural de quíntuplos é de 1 em 40 milhões.
Elaine, mãe de Vinícius, 2,
diz que nunca fez tratamento
para engravidar nem desconfiou da gestação. Com 121 kg,
estava acostumada a ficar meses sem menstruar. Ela tem
síndrome dos ovários policísticos, que causa falta de ovulação.
A última menstruação dela
tinha sido havia um ano. "Nem
me preocupei porque já tinha
ficado oito meses sem menstruar. Além do mais, não sentia
nada, nem um enjôozinho."
Em outubro, Elaine procurou um gastroenterologista
porque sentia queimação no
estômago. Sem pedir exame, o
médico do plano de saúde indicou remédio para gastrite. Desconfiada, ela não comprou.
Em dezembro, ela marcou
outra consulta com um clínico.
Foi quando descobriu a gravidez. "Fiquei desesperada."
Elaine diz que ela e o marido,
operário que ganha R$ 1.200
mensais, planejavam outro filho em quatro anos. A família,
evangélica, mora em três cômodos nos fundos da casa da
mãe de Elaine, em Santo André. "Meus planos para 2007
eram arrumar um emprego para ajudar o meu marido e colocar meu filho numa escolinha
particular. Mas Deus mudou os
meus planos e mostrou o dele."
As quádruplas devem nascer
em abril. Para o ginecologista
Rui Ferriani, professor da USP
e especialista em reprodução
assistida, a gravidez natural de
quíntuplos é raríssima. "Nunca
soube de caso semelhante no
Brasil." A síndrome pode levá-la a produzir vários folículos
ovarianos em um ciclo menstrual. "Mas o mais comum é essa situação impedir a ovulação,
porque nenhum folículo se torna dominante."
Para a ginecologista Claudia
Gazzo, do Hospital do Servidor
Estadual, o mais provável é ao
menos dois óvulos terem se dividido. O quinto embrião teria
vindo de um terceiro óvulo.
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