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outro lado
Médico vê conspiração de concorrentes para prejudicá-lo
DA REPORTAGEM LOCAL
O médico Roger Abdelmassih, 65, afirma que as declarações das ex-pacientes fazem
parte de uma campanha sórdida para prejudicá-lo, mas que
provará a sua inocência. "Ninguém constrói uma reputação
como a minha assediando pacientes", diz.
Abdelmassih recebeu a reportagem da Folha na sala dele, em sua clínica no Jardim
América, ao lado do advogado
Adriano Vanni.
O escritório é separado da sala de uma secretária por uma
janela de vidro, que instalou
após saber das acusações. "É
uma forma de eu me proteger,
para não se falar besteira", afirma o médico.
Segundo alguns relatos de
ex-pacientes, as investidas do
médico teriam ocorrido exatamente nesta sala, quando ainda
não havia janela de vidro,
quando conversavam sobre o
tratamento, momento em que
não é praxe a presença de uma
assistente.
No início da entrevista, Abdelmassih fala da infância no
interior, da determinação por
estudar medicina, do crescimento da clínica e do sofrimento ao perder a mulher, Sônia, com quem foi casado por
quase 40 anos. Ela morreu em
agosto.
"Vou falar sobre o caráter do
Roger, um homem que tem
cinco filhos, graças a uma mulher maravilhosa que acabo de
perder", diz, com a voz embargada. Dois filhos trabalham na
clínica. "Sônia também trabalhava. A sala dela ainda está aí."
Blog
Ele conta que, há um ano e
meio, foi alvo de uma "campanha sórdida" desencadeada na
internet. Foi criada uma página
virtual (vitimasrogerabdelmassih.blogspot.com), onde
eram deixadas mensagens acusando-o de assédio sexual.
"Os nomes que apareciam
eram falsos. Tinha um aspecto
nítido de ter sido feito por uma
só pessoa ou por duas, no máximo", diz o médico. Seu advogado pediu a abertura de investigação na Polícia Civil, que obteve na Justiça a ordem para
retirar a página do ar.
Abdelmassih afirma que,
meses depois, médicos, jornalistas e amigos seus começaram a receber e-mails apócrifos que reiteravam as acusações contra ele.
"Fico pasmo com a vontade
de me machucarem. Sabe por
que acontece isso? Porque o resultado dos meus tratamentos
é ótimo. Será que não tem, por
trás disso, uma indução da concorrência? É óbvio, não posso
afirmar, mas posso dizer que
dá essa impressão", afirma.
Sobre as acusações das ex-pacientes, Abdelmassih afirma
não saber qual a "insatisfação
dessas pessoas".
"Sou inocente e confio na
Justiça. Vou levar um caminhão de testemunhas. E vou
querer saber baseado em que
essas pessoas, que não se identificam, estão falando", diz. Os
nomes das depoentes são mantidos em sigilo pela Justiça.
Abdelmassih estranha o fato
de algumas mulheres que o
acusaram terem continuado o
tratamento. "Elas voltam à clínica. Você voltaria?"
Ao final da entrevista, Abdelmassih tira o jaleco, se levanta,
arregaça as mangas da camisa
até a altura dos ombros e se
aproxima mostrando os bíceps.
"Eu sou imenso? Tenho 1,80 m,
mas acho que encolhi um pouco com a minha idade. Diga,
sou forte ou sou gordo? Eu não
tenho músculo nenhum."
"E tem duas testemunhas dizendo que foram agarradas
com a força bruta dele", completa o advogado.
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