São Paulo, sexta, 9 de janeiro de 1998.



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'Revolta da Vacina' mobilizou o Rio em 1904

da Sucursal de Brasília

Em 1904, outra lei na área de saúde pública gerou grande resistência popular, no episódio que ficou conhecido como a Revolta da Vacina. Na época, a população do Rio, então capital federal, rebelou-se quando a vacinação contra varíola se tornou obrigatória.
Em novembro daquele ano, houve oito dias de violentas manifestações contra a obrigatoriedade da vacina. Bondes foram virados, e lojas, saqueadas. Mesmo cadetes da Escola Militar participaram do protesto.
A oposição, formada por monarquistas e dissidentes republicanos, chegou a criar a Liga Contra a Vacina Obrigatória. A revolta popular foi reprimida, mas a lei acabou revogada.
O cenário do início do século no Rio ajuda a entender a revolta contra uma medida que hoje parece uma providência óbvia para a melhoria das condições de saúde da população.
O governo do ex-presidente Rodrigues Alves (1902-1906) estava empenhado numa política de melhoria urbana da capital federal, baseada na remoção dos moradores de cortiços do centro para o subúrbio, além de campanhas de saneamento e vacinação para erradicar a febre amarela e a varíola.
As medidas eram impostas de forma autoritária. Casas chegavam a ser invadidas para que as pessoas se submetessem à vacinação. A campanha havia sido planejada pelo médico e sanitarista Osvaldo Cruz, diretor-geral da Saúde Pública.
Sem esclarecimento sobre a importância da vacinação, a população resistia. Para piorar, os aluguéis no subúrbio dispararam com a chegada dos antigos moradores dos cortiços.
Em 31 de outubro de 1904, o Congresso Nacional aprovou a lei que tornava obrigatória e universal a vacinação contra varíola. A revolta popular começou em 10 de novembro e durou até o dia 17 daquele mês.
A febre amarela e a varíola acabaram erradicadas do Rio. Os supostos mentores da revolta foram presos e mandados para o Acre. (GUSTAVO PATÚ)


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