São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2000


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MEDICAMENTOS
Prazo para adequação dos rótulos dos similares, que venceu em janeiro, foi prorrogado
Embalagens confundem consumidor

PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local

A prorrogação do prazo para a adequação das embalagens dos remédios similares é a causa de uma das maiores confusões que já começam a ocorrer entre consumidores, balconistas de farmácias e médicos envolvidos na compra e venda dos primeiros genéricos.
Segundo Pedro Zidoi, presidente da ABCFarma (Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico), falta informação sobre a nova classificação dos medicamentos não apenas aos consumidores, mas principalmente a médicos.
"Se um médico quiser prescrever um genérico e escrever na receita apenas o nome do seu princípio ativo, o consumidor, desavisado, chega à farmácia e corre o risco de receber do balconista um similar, e não um genérico, afirma. "E o balconista não pode ser responsabilizado por isso, porque há muitos similares hoje sendo vendidos apenas com o nome do princípio ativo."
A situação só é evitada se o médico especificar na receita que a prescrição se refere a um genérico. "Mas, como há médicos ainda não muito esclarecidos, a confusão está formada", diz Zidoi.
A lei dos genéricos prevê que os remédios similares (cópias dos remédios de marca que têm o mesmo princípio ativo dos originais, mas não passaram pelo teste de bioequivalência) tragam na embalagem, obrigatoriamente, um nome fantasia, além do nome do princípio ativo. O similar só pode ser comprado se o médico indicar na receita o seu nome fantasia.
O prazo para que os laboratórios adequassem suas embalagens expirou no dia 23 de janeiro. Mas a maioria dos remédios encontrados nas farmácias ainda está em desacordo com a lei.
Segundo Sara Kanter, diretora técnica da Alanac (Associação dos Laboratórios Nacionais), 30 laboratórios associados conseguiram, em acordos informais com o Ministério da Saúde, prorrogar o prazo por mais 90 ou 120 dias.
"Laboratórios que tinham estoque muito grande não podem jogar milhares de embalagens fora. Não se faz uma mudança desse porte em quatro meses", diz ela.
O ministro José Serra (Saúde) havia informado, no fim de janeiro, que não houve prorrogação. "O prazo para as indústrias adequarem as embalagens já encerrou. Mas é preciso acabar com os estoques antigos", disse. Na época, ele não soube informar quando todos os remédios estariam com embalagens adequadas.
Essa confusão de embalagens inadequadas e receitas prescritas de forma incompleta pode ainda permitir a prática do que médicos chamam de "empurroterapia", quando as farmácias priorizam a venda de determinados produtos em troca de vantagens obtidas junto a seus fabricantes.


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