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MEDICAMENTOS
Prazo para adequação dos rótulos dos similares, que venceu em janeiro, foi prorrogado
Embalagens confundem consumidor
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
A prorrogação do prazo para a
adequação das embalagens dos
remédios similares é a causa de
uma das maiores confusões que já
começam a ocorrer entre consumidores, balconistas de farmácias
e médicos envolvidos na compra
e venda dos primeiros genéricos.
Segundo Pedro Zidoi, presidente da ABCFarma (Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico), falta informação sobre a nova
classificação dos medicamentos
não apenas aos consumidores,
mas principalmente a médicos.
"Se um médico quiser prescrever um genérico e escrever na receita apenas o nome do seu princípio ativo, o consumidor, desavisado, chega à farmácia e corre o
risco de receber do balconista um
similar, e não um genérico, afirma. "E o balconista não pode ser
responsabilizado por isso, porque
há muitos similares hoje sendo
vendidos apenas com o nome do
princípio ativo."
A situação só é evitada se o médico especificar na receita que a
prescrição se refere a um genérico. "Mas, como há médicos ainda
não muito esclarecidos, a confusão está formada", diz Zidoi.
A lei dos genéricos prevê que os
remédios similares (cópias dos remédios de marca que têm o mesmo princípio ativo dos originais,
mas não passaram pelo teste de
bioequivalência) tragam na embalagem, obrigatoriamente, um
nome fantasia, além do nome do
princípio ativo. O similar só pode
ser comprado se o médico indicar
na receita o seu nome fantasia.
O prazo para que os laboratórios adequassem suas embalagens
expirou no dia 23 de janeiro. Mas
a maioria dos remédios encontrados nas farmácias ainda está em
desacordo com a lei.
Segundo Sara Kanter, diretora
técnica da Alanac (Associação
dos Laboratórios Nacionais), 30
laboratórios associados conseguiram, em acordos informais com o
Ministério da Saúde, prorrogar o
prazo por mais 90 ou 120 dias.
"Laboratórios que tinham estoque muito grande não podem jogar milhares de embalagens fora.
Não se faz uma mudança desse
porte em quatro meses", diz ela.
O ministro José Serra (Saúde)
havia informado, no fim de janeiro, que não houve prorrogação.
"O prazo para as indústrias adequarem as embalagens já encerrou. Mas é preciso acabar com os
estoques antigos", disse. Na época, ele não soube informar quando todos os remédios estariam
com embalagens adequadas.
Essa confusão de embalagens
inadequadas e receitas prescritas
de forma incompleta pode ainda
permitir a prática do que médicos
chamam de "empurroterapia",
quando as farmácias priorizam a
venda de determinados produtos
em troca de vantagens obtidas
junto a seus fabricantes.
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