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No sertão do Piauí, caatinga se transforma em pantanal
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, NO PIAUÍ
A chuva que atinge o Nordeste
transformou uma das áreas mais
secas do país, o semi-árido do
Piauí, em um imenso alagado.
Valas deram lugar a rios caudalosos, e a caatinga virou pantanal.
Em pleno sertão, municípios
que até dezembro conviviam com
decretos de emergência por causa
da seca passaram a depender de
barcos e helicópteros para socorrer a população.
Pelo menos 11 das 223 cidades
piauienses estavam isoladas na
semana passada, sem acesso por
terra. Até sexta-feira, 81 prefeituras haviam decretado emergência
devido à chuva. Outras seis estavam em calamidade pública.
O último levantamento da Defesa Civil, divulgado no dia 4, com
dados de apenas 30 municípios,
apontava a existência de 91.802
pessoas atingidas. Desse total,
32.840 foram obrigadas a deixar
suas casas devido às enchentes. A
força da água havia destruído
1.719 residências em 31 cidades e
danificado outros 6.084 imóveis
em 36 localidades.
Na região de Picos, cidade-pólo
do sertão do Estado (a 306 km ao
sul de Teresina), a chuva fez renascer e revigorou rios não-perenes, como o Guaribas e o Itaim,
que cortam a região.
A água, esperada há meses, veio
em excesso. Em poucos dias, os
rios transbordaram, e até os abrigos provisórios de flagelados foram inundados.
Cidades vizinhas a Picos, como
Itainópolis e Santa Cruz do Piauí,
ficaram isoladas por terra. Em
Oeiras, o cemitério alagou.
Segundo o prefeito de Itainópolis e presidente da Associação de
Prefeitos do Piauí, José Maia Filho
(PFL), foi a maior cheia desde
1960. Cerca de 80% da área do
município, que tem 10 mil habitantes, foi inundada. Mil ficaram
desabrigados. O alagamento
aconteceu tão rapidamente que
Maia Filho só teve tempo de revogar o decreto de emergência da
seca quando mais da metade da
cidade já estava submersa.
A Defesa Civil do Piauí não tem
registro de chuva com igual intensidade no mês de janeiro como a
que atingiu o Estado neste ano,
principalmente no semi-árido.
Segundo Expedito Soares, assessor técnico da entidade, em algumas localidades na área de Picos foram registrados até 700 mm
de chuva no mês -quase quatro
vezes mais que o normal.
Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro
quadrado de superfície.
Em 55 municípios piauienses
foram registradas quedas de pontes e destruição parcial de estradas federais ou estaduais.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), estimou em R$
16 milhões o prejuízo só no setor
de transportes.
A reportagem sobrevoou regiões alagadas a bordo de um helicóptero do Exército que estava a serviço do governo do
Piauí.
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