São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

Sem vencer desde 2001, escola apresentou enredo sobre mestres da literatura infantil; anúncio das vencedoras será hoje à tarde

Imperatriz é forte candidata ao título

DA SUCURSAL DO RIO

Assim como a Portela, que a antecedeu na avenida, a Imperatriz Leopoldinense terminou seu desfile provocando lágrimas em seus componentes. Mas os motivos foram bem diferentes: a escola chorou por cruzar a linha final em cima da marca dos 80 minutos, evitando perder pontos por atraso e coroando uma apresentação que lhe deixa na condição de forte candidata ao título.
Nem todas as fantasias e alegorias criadas pela carnavalesca Rosa Magalhães para a Imperatriz eram claramente compreensíveis, e a escola continua sendo muito mais técnica do que empolgante, mas ainda assim foi o seu melhor desfile nos últimos anos.
Sem vencer desde 2001, a agremiação apostou num enredo que uniu o dinamarquês Hans Christian Andersen e o brasileiro Monteiro Lobato, dois mestres da literatura infantil, o que permitiu explorar personagens como Emília e soldadinho de chumbo. O desfile pode ter sido o último de Luiza Brunet como madrinha de bateria após dez anos de fidelidade.
Última a desfilar, já sob a luz do sol, a Beija-Flor poderá perder pontos por causa do seu excesso de alas. Laíla, coordenador da comissão de Carnaval, optou por dividir o enredo (sobre as Missões jesuíticas no Rio Grande do Sul) em 50 alas, quando as escolas normalmente contam com cerca de 30. A mistura entre as alas e o pouco espaço para os componentes evoluírem podem tirar pontos da escola. Seu grande trunfo foi o samba, com um refrão eficiente que empolgou os espectadores.
Contrariando o desejo da Arquidiocese do Rio, a Beija-Flor manteve a representação do martírio de Jesus Cristo no desfile. Atrás do ator Cleber Carvalho vinha uma ala de centuriões fazendo uma saudação com braços levantados e mãos fechadas. "Não era uma saudação nazista. Como Hitler, Herodes foi o mensageiro da morte", disse Cid Carvalho, integrante da comissão de Carnaval.
Com exceção da Portela, as outras escolas da noite saíram da passarela sonhando com o desfile das campeãs, no próximo sábado. A Porto da Pedra e a Caprichosos de Pilares, as duas primeiras, reviveram outros carnavais: a primeira animou um pouco o público com a reedição de "Carnaval, Festa Profana", enredo da União da Ilha em 1989; a Caprichosos de Pilares animou mais lembrando os Carnavais de 1984 a 2004 e trazendo Luma de Oliveira de volta, como madrinha de bateria.
A Viradouro, de quem se esperava muito, teve um carro quebrado que não entrou e outro com problemas: a alegoria do trigal humano teve dificuldades de locomoção e abriu um buraco.
Já a Grande Rio, que tinha referências a seu patrocinador no samba, evitou o merchandising no desfile. Tratando de alimentação, a escola conseguiu empolgar a platéia em alguns momentos. Cenas da novela "Senhora do Destino" foram gravadas no início e no fim da apresentação da Grande Rio.
A apuração dos desfiles do Grupo Especial começa hoje às 15h45 na Marquês de Sapucaí e será transmitida ao vivo pela Rede Globo. Em seguida, ocorrerá a apuração do Grupo de Acesso.


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