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CARNAVAL
Império de Casa Verde, que não era considerada favorita, foi a vencedora; escola investiu R$ 2,5 milhões na apresentação
Disputa em SP acaba em briga e surpresa
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO MAZZITELLI
DO "AGORA"
As torcidas das escolas aplaudiam calmamente quando foi
anunciada a primeira e inesperada vitória da Império de Casa
Verde no Grupo Especial do Carnaval de São Paulo.
Enquanto isso, do outro lado do
sambódromo, ala da "elite" do
samba, dirigentes das agremiações e funcionários da Liga Independente das Escolas de Samba
começavam uma pancadaria que
deu um fim melancólico à festa.
Ninguém se feriu gravemente
ou foi preso, mas houve empurra-empurra, pessoas foram jogadas
ao chão e mesas quebradas. Um
integrante da diretoria da Império recebeu um soco na boca, depois de embate com um representante da Unidos de Vila Maria,
que ficou em quarto lugar.
A vencedora não estava nas listas de favoritas. Investiu pesado
para para a vitória, R$ 2,5 milhões, valor que é quase o dobro
da média de gastos de todas as escolas paulistanas, R$ 1,5 milhão
(veja nesta página).
"Respeito o resultado. Mas fomos punidos por ser a escola que
tem mais samba", disse Alberto
Alves da Silva, presidente da Nenê
de Vila Matilde, que ficou em nono lugar, apesar de ser considerada uma das favoritas. "Eles [os jurados] pegaram o belo e lúdico e
deixaram a essência."
Com dez anos de Carnaval, a
Império de Casa Verde falou do
papel do Brasil na globalização na
avenida, com o enredo "Brasil, se
Deus é por nós, quem será contra
nós?". Usou alegorias luxuosas,
como uma nave espacial e tigres,
animal-símbolo da escola, no carro abre-alas, um dos maiores da
história do Carnaval. Homenageou, na letra e nas alegorias, por
meio de uma estátua, o ex-presidente da escola, Francisco Plumari Júnior, acusado de envolvimento com o jogo do bicho e assassinado em 2003.
No Rio, a homenagem a bicheiros já rendeu polêmica. O deputado federal Antônio Carlos Biscaia
(PT-RJ) pediu que o Salgueiro e a
Mocidade Independente de Padre
Miguel sejam investigados por
apologia ao crime nos desfiles de
domingo.
Plumari Júnior também foi investigado por suspeita de ter
mandado matar um suposto rival
em 1994, caso em que foi absolvido quatro anos depois.
Torcidas liberadas
A Gaviões da Fiel -cuja torcida
lotou a parte superior do Sambódromo- e a Unidos do Peruche
subiram ao Grupo Especial.
O artigo 46 do regulamento do
Carnaval de São Paulo não permite a escolas de samba oriundas de
torcidas organizadas desfilar juntas no Grupo Especial -o que
pode afetar diretamente a Gaviões, corintiana, e a Mancha Verde, da torcida do Palmeiras, 12º
lugar no Grupo Especial ontem.
As duas agremiações discordam
da regra.
O promotor de Justiça Fernando Capez, que ajudou a criar o artigo, no entanto, "liberou" ontem
a permanência das duas escolas
no Grupo Especial, mas a decisão
final só deve ocorrer em junho,
em uma reunião da Liga. A única
restrição aconselhada pelo promotor é escalar Mancha e Gaviões
para dias diferentes de desfile.
Nenhuma das escolas de torcidas organizadas, no entanto, esteve envolvida na confusão de ontem, que começou quando o presidente da Vai-Vai, Solon Tadeu
Pereira, escola que pegou o quinto lugar, seguia para a grade que
separava os dirigentes das escolas
dos integrantes da Liga, como o
presidente Robson de Oliveira.
Pereira disse que queria cumprimentar Oliveira, e não falar do
resultado, que deixou a diretoria
da Vai-vai revoltada -a escola
perdeu pontos principalmente na
evolução, onde levou dois noves,
suas menores notas.
Um segurança da Liga teria empurrado o dirigente da Vai-Vai e
começado a pancadaria. Na versão do coordenador operacional
da Liga, Breda dos Santos, o segurança apenas pediu para que Pereira não se aproximasse, quando
o filho do dirigente da Vai-Vai teria empurrado o segurança -ele
e outro envolvido na confusão foram afastados por Santos.
"Nós vamos pegá-lo. É um otário, segurança despreparado. Se
me agredisse eu ia jogar bomba
aqui dentro", afirmou Pereira,
que chegou a cair no chão.
Um total de 300 policiais estava
no sambódromo -a tropa de
choque interveio na briga.
De acordo com Caio Luiz de
Carvalho, presidente da Anhembi, empresa do município responsável pelo Carnaval, que assistiu
ao tumulto, houve excesso dos seguranças da Liga. "Isso é como jogo de futebol, tudo é paixão. Mas
foi um Carnaval de paz", afirmou.
O presidente da Liga disse que
abrirá uma sindicância sobre a
confusão. Ele ficou protegido da
briga principalmente por causa
de cinco "seguranças" -Thor,
Zaira, Killer, Uzi e Tyson, cães da
raça pitbull postos em alerta na
hora do tumulto.
Colaborou GILMAR PENTEADO, da Reportagem Local
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