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Axé music faz 20 anos e tem criador homenageado
DA ENVIADA A SALVADOR
Há 20 anos, um baiano de cabeleira cacheada, pés descalços,
brinco de pena e calça branca
arregaçada surgiu na TV com
uma música de batidas quebradas e letra fácil. "Pega ela aí, pega ela aí/ Pra quê? Pra passar
batom/ De que cor? De violeta/
Na boca e na bochecha", cantava ele, incomodando uns, fascinando outros.
Era o surgimento da axé music, ritmo baiano popularizado
por grandes gravadoras, que
investiram pesado em grupos e
coreografias polêmicas e massificaram o estilo.
Neste Carnaval, a criação do
cantor e compositor Luiz Caldas, 42, completa 20 anos. Caldas é o grande homenageado
da festa, reverenciado por dez
entre dez trios elétricos na capítal Baiana. Leia, a seguir, trechos de entrevista concedida
por ele à Folha.
Folha - No início, você imaginava que a axé music tomaria
um espaço tão grande?
Luiz Caldas - Eu pesquisava
ritmos. Trabalhava em um estúdio, e toda a produção de
música da Bahia passava por lá.
Mas, quando brincava com a
célula-tronco da axé, jamais
imaginei que ela dominaria
tanto espaço.
A gente não tinha essa megaestrutura, mas tinha uma fogueira no coração.
Folha - E essa megaestrutura
corrompeu o espírito do estilo?
Caldas - A grana está falando
alto. E eu gostaria que isso mudasse. Arte não é brincadeira, e
o último lugar pelo qual ela deve passar é o bolso. O axé foi
criado para o povo.
Folha - Mas essa disseminação
não acabou tornando a axé music repetitiva?
Caldas - Não é interessante repetir a mesma coisa à exaustão.
Isso depõe contra o movimento da axé music, que se fortaleceu nos últimos anos. Mesmo
assim, acho que o axé tem tudo
para durar mais 200 anos.
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