São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2005

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Axé music faz 20 anos e tem criador homenageado

DA ENVIADA A SALVADOR

Há 20 anos, um baiano de cabeleira cacheada, pés descalços, brinco de pena e calça branca arregaçada surgiu na TV com uma música de batidas quebradas e letra fácil. "Pega ela aí, pega ela aí/ Pra quê? Pra passar batom/ De que cor? De violeta/ Na boca e na bochecha", cantava ele, incomodando uns, fascinando outros.
Era o surgimento da axé music, ritmo baiano popularizado por grandes gravadoras, que investiram pesado em grupos e coreografias polêmicas e massificaram o estilo.
Neste Carnaval, a criação do cantor e compositor Luiz Caldas, 42, completa 20 anos. Caldas é o grande homenageado da festa, reverenciado por dez entre dez trios elétricos na capítal Baiana. Leia, a seguir, trechos de entrevista concedida por ele à Folha.

 

Folha - No início, você imaginava que a axé music tomaria um espaço tão grande?
Luiz Caldas -
Eu pesquisava ritmos. Trabalhava em um estúdio, e toda a produção de música da Bahia passava por lá. Mas, quando brincava com a célula-tronco da axé, jamais imaginei que ela dominaria tanto espaço.
A gente não tinha essa megaestrutura, mas tinha uma fogueira no coração.

Folha - E essa megaestrutura corrompeu o espírito do estilo?
Caldas -
A grana está falando alto. E eu gostaria que isso mudasse. Arte não é brincadeira, e o último lugar pelo qual ela deve passar é o bolso. O axé foi criado para o povo.

Folha - Mas essa disseminação não acabou tornando a axé music repetitiva?
Caldas -
Não é interessante repetir a mesma coisa à exaustão. Isso depõe contra o movimento da axé music, que se fortaleceu nos últimos anos. Mesmo assim, acho que o axé tem tudo para durar mais 200 anos.


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