São Paulo, quarta-feira, 09 de fevereiro de 2005

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CARNAVAL

Músico Luiz Gonzaga foi o destaque no desfile dos bonecos gigantes na terra do frevo; foliões reclamaram de placas publicitárias

Rei do forró é homenageado em Olinda

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM OLINDA

O rei do forró reinou ontem na terra do frevo, em plena terça de Carnaval. A figura do músico Luiz Gonzaga foi a principal atração do desfile dos bonecos gigantes de Olinda (PE).
O evento, que reuniu cerca de cem personagens, foi aberto pelo boneco do sanfoneiro. Confeccionado com um chapéu de cangaceiro na cabeça e uma sanfona nas mãos, a peça é a maior e a mais pesada já feita até agora.
"É o maior de todos porque ele sempre foi o maior", disse o artista plástico Silvio Botelho, o "pai dos gigantes" e coordenador do desfile. O Gonzagão tem 4 m de altura e pesa 40 kg. As outras figuras medem 3,4 m e pesam, no máximo, 25 kg.
A estréia do boneco gigante foi prestigiada por Chiquinha Gonzaga, 79, irmã do sanfoneiro. Uma das poucas mulheres a dominar a sanfona de oito baixos, ela disse que a homenagem era "maravilhosa" e que, apesar de não gostar de Carnaval, participou da festa "para dar andamento à cultura dos bonecões".
Questionada se considerava a homenagem tardia, Chiquinha, única remanescente do grupo familiar "Os 7 Gonzagas", disse que "as coisas acontecem no seu tempo, mas que, se tivesse sido feita antes, seria merecida".
Além do Gonzagão, outros bonecos gigantes estrearam no desfile. Entre eles, estavam o Garoto Treloso e o Bobo da Corte. As novas peças se juntaram aos personagens já conhecidos dos foliões e circularam por quase duas horas.
Balançando os braços e fazendo reverências para agradecer os aplausos, as figuras foram acompanhadas por três orquestras de frevo. A única queixa se referia à quantidade de placas publicitárias no desfile, que atrapalhava a visão das pessoas e dificultava a dança dos foliões nas ruas.
Com a festa de ontem, o cortejo dos bonecos gigantes de Olinda completou 18 anos. A origem deles, entretanto, é bem mais antiga. Em Pernambuco, a primeira figura surgiu no sertão, em Belém do São Francisco, em 1919.
Batizado de Zé Pereira, ele tinha estrutura de madeira -os atuais são de alumínio. Em Olinda, o personagem surgiu apenas em 1932. Batizado de Homem da Meia-Noite, ele se transformou em bloco e continua circulando até hoje durante o Carnaval.


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