|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cidade tem 30 pontos crônicos de alagamento
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo tem
pelo menos 30 regiões -entre
ruas e avenidas- que sempre
alagam em dias de chuva. São
pontos de alagamento considerados crônicos pelo CGE (Centro de Gerenciamento de
Emergências), que chega a registrar mais de 600 durante todo o ano no município.
Em toda a temporada de chuvas, segundo o órgão, esses locais causam transtorno ao
trânsito com necessidade de
bloqueio parcial ou mesmo total. O CGE não divulga a quantidade de vezes que cada um
desses pontos alagou nos últimos anos, mas afirma que são
problemas "históricos".
Dessa lista de 30 pontos, não
há projeto nem previsão de
obras para 12 deles. Em só um
caso a prefeitura informou estar realizando obras. Um reparo na drenagem do cruzamento
das avenidas Celso Garcia e
Dr.Costa Valente (zona leste).
Segundo a prefeitura, em outras quatro regiões as obras estão em licitação; em duas, as
obras foram suspensas para
correção do projeto e em outra
há projeto, mas ainda não foi
feita a concorrência pública.
Em dez pontos, a prefeitura
afirma conseguir resolver o
problema de alagamento com a
limpeza de rios e bocas-de-lobo
(veja quadro nesta página com
todos os 30 pontos).
O levantamento foi feito a
partir do cruzamento dos dados do CGE e da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura Urbana e Obras, responsável pela
organização dos projetos de
obras viárias. As informações
foram solicitadas aos órgãos
pela Folha.
"Extremamente caras"
As obras para oito dessas regiões são consideradas pela Secretaria de Infra-Estrutura como "caras" ou "extremamente
caras". Não há nem mesmo um
valor exato. É tratado como na
casa dos bilhões de reais. A pasta tem cerca de R$ 500 milhões
anuais para investimentos.
Um exemplo desses locais
críticos é o cruzamento das
ruas Amarantina e Conchila,
zona norte da cidade. "Obra
enorme e onerosa. Depende da
desapropriação de 6 km de
ruas, com casas. [A solução está] Em estudos", informa a secretaria ao ser questionada.
Em novembro de 2006, em
meio a transtornos causado por
fortes chuvas, o prefeito Gilberto Kassab (PFL) chegou a dizer
praticamente o que os números
revelam agora: que não via solução para as enchentes. "Desde a época de Anchieta, nos
seus escritos, têm relatos de
áreas da cidade inundadas",
afirmou ele, que no dia seguinte amenizou a declaração.
O secretário de Infra-Estrutura, Marcelo Cardinale Branco, não quis dizer se Kassab estava certo ao afirmar não existir cura para as enchentes. Disse preferir trabalhar para tentar amenizar o problema a ficar
discutindo se ele tem solução.
O secretário afirma que a solução é priorizar os locais onde
há risco de mortes e, ainda, os
que são mais nevrálgicos para o
trânsito da capital.
Esse seria o caso da região do
Vale do Anhangabaú, segundo
ele, que teve sua obra anunciado no mês passado pelo prefeito. O local não tem enchentes
desde de 2000.
Vaca foi pro brejo
Sem conhecer os números da
prefeitura, o especialista em hidráulica e saneamento básico,
João Francisco Soares, 63, afirmou considerar os problemas
de alagamento em São Paulo algo praticamente sem solução.
"O problema mãe é o uso e a
ocupação do solo. Infelizmente, a vaca foi pro brejo."
Continuou: "Teria que remover população, coisas que são
praticamente inviáveis. O homem destruiu os piscinões naturais. Agora, precisa gastar
fortunas, milhões, para fazer
piscinões artificiais. Olha que
absurdo", afirmou ele.
Texto Anterior: Em 5 minutos, água cobre carros no centro Próximo Texto: Garota diz que teve de ficar nua em trote Índice
|