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FAB apura se excesso de peso causou queda
Vice-presidente da Manaus Aerotáxi diz que a empresa "descarta totalmente" que havia excesso de passageiros na aeronave
Site da Anac diz que o avião, que tinha 26 passageiros, tem capacidade para 19; já o site da Manaus Aerotáxi informava que cabem 16
Danilo Mello/"Diário do Amazonas"
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Escavadeira retira destroços do avião Bandeirante que caiu anteontem no rio Manacapuru
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
O avião Bandeirante Emb-110, fabricado pela Embraer,
que caiu anteontem no rio Manacapuru, na Amazônia, matando 24 pessoas (outras quatro sobreviveram), levava mais
passageiros do que previa a capacidade máxima registrada
para a aeronave na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
No final da manhã de ontem,
o Corpo de Bombeiros de Manaus deu por encerradas as
buscas por vítimas no local do
acidente. Com a ajuda de uma
balsa e um trator de esteira, a
aeronave foi içada à superfície,
onde peritos da Aeronáutica
começaram a investigar as possíveis causas do acidente.
Os quatro sobreviventes
-Ana Lúcia Reis Laurea, 43,
Brenda Moraes, 21, e os irmãos
Erick da Costa Liberal, 23, e
Yan da Costa Liberal, 9- foram
atendidos com escoriações leves no Hospital Regional de
Manacapuru e liberados.
O avião foi fretado pelo empresário Omar Melo Junior na
agência L Tur, de Coari, e o voo
era de responsabilidade da empresa Manaus Aerotáxi. Vinte e
três pessoas eram convidadas
de Junior para uma festa. Outros três passageiros embarcaram de última hora.
Considerando o piloto César
Leonel Grieger, 47, e o copiloto
Danilson Cirino Ayres da Silva,
23, havia 28 pessoas a bordo,
das quais sete crianças, na contagem das equipes de resgate.
Segundo a Aeronáutica, tanto o
avião quanto a tripulação estavam com suas licenças em dia.
O Cenipa, órgão da Aeronáutica que investiga acidentes aéreos, já apura se o excesso de
peso contribuiu para a queda
do avião. Foi o maior acidente
aéreo do país desde a queda do
avião da TAM, em 2007, que
matou 199 pessoas.
O vice-presidente da Manaus
Aerotáxi, Marcos Pacheco, diz
que a empresa "descarta totalmente" que tenha havido problemas de sobrepeso ou superlotação na aeronave. Segundo
ele, a agência de turismo informou que o voo teria oito crianças de colo [de até dois anos] e
18 passageiros sentados.
"Criança de colo não conta
como passageiro", afirmou o vice-presidente, que não se pronunciou sobre a capacidade total comportada pelo avião nem
sobre a idade das crianças que
estavam no voo. Para ele, fatores como o mau tempo ou uma
possível falha no motor podem
ter provocado a queda.
Brenda Moraes, 21, sobrevivente da tragédia, diz que havia
crianças de oito e nove anos no
colo de adultos. Uma portaria da Anac, de
2000, permite um acréscimo
de 30% de passageiros crianças
com até dois anos -neste caso
seriam seis pessoas e não sete.
Mesmo que todas as crianças
tivessem até dois anos, o que
não era o caso, o número é
maior do que o permitido.
No site da Anac está descrito
que a aeronave tem capacidade
para 19 passageiros. Já o site da
Manaus Aerotáxi informava
que cabem 16 -na noite de ontem, a página foi substituída
por uma nota de pesar. A Anac
não esclareceu o porquê da diferença. A Embraer, fabricante
da aeronave, informou que cabe às autoridades de aviação
determinar a capacidade do
avião e que o total de passageiros depende de cada avião.
Especialista em aviação, o
professor da UnB (Universidade de Brasília) Eider da Silva
diz que o excesso de peso foi
"um fator preponderante" para
o acidente. "A potência dos motores é proporcional ao peso
que o avião transporta. O avião
tem uma reserva de potência,
mas se o peso for muito maior
do que o permitido e houver
uma pequena perda de potência de motores o avião não consegue voar nivelado. Sem potência em um dos motores e
com 28 passageiros ele não voa
nivelado nem que São Pedro
venha segurar o avião."
Para ele, a responsabilidade
pelo transporte acima da capacidade é da empresa e do piloto.
A Polícia Civil de Manacapuru começou ontem a ouvir moradores que testemunharam o
momento da queda do avião. "O
que ouvimos até agora é que o
avião vinha baixo, chocou-se
com copas de árvores de uma
ilha do rio Manacapuru e depois mergulhou na água", disse
o investigador Roberto Teles.
Minutos antes do que parece
ter sido uma tentativa de pouso
forçado (o local do acidente fica
a 500 m de uma pista de pouso
abandonada), o piloto havia pedido à torre de Manaus permissão para retornar a Coari.
O modelo Bandeirante Emb-110 começou a ser fabricado em
1971 e deixou de ser produzido
há 18 anos. A reportagem não
localizou ontem nenhum representante da L Tur.
Colaboraram EDSON VALENTE , da Redação, e
ANDREZA MATAIS , da Sucursal de Brasília
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