São Paulo, segunda-feira, 09 de fevereiro de 2009

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Enchentes provocam protestos na zona sul

Moradores de Americanópolis queimam objetos em ato contra obra da prefeitura Para manifestantes, reforma em praça agravou as cheias, mas subprefeitura nega; no último sábado, mulher morreu afogada em casa

DO "AGORA"

Moradores de Americanópolis (zona sul de SP), onde uma mulher morreu afogada dentro de casa devido às enchentes causadas pelas fortes chuvas do último sábado, protestaram queimando móveis e colchões.
Segundo eles, as enchentes pioraram após uma obra municipal ter sido realizada em uma praça, o que a administração nega. Moradora do bairro, a servidora pública Jeovanice Marques de Carvalho, 52, morreu afogada dentro da própria casa durante o temporal. Ela ficou prensada entre a parede e um armário que flutuou com a correnteza.
Revoltados, cerca de 50 moradores do local fizeram uma grande fogueira com móveis, colchões e eletrodomésticos. Eles também impediram que agentes da Subprefeitura de Cidade Ademar retirassem o entulho. A cada novo móvel lançado na fogueira, os manifestantes gritavam.
O fogo só foi dissipado uma hora depois, após negociação dos manifestantes com a Polícia Militar. Só então o que foi destruído foi levado pelos agentes da subprefeitura. Não houve prisões nem feridos. Outros pontos do bairro também tiveram fogueiras.
"Antes não alagava tanto assim aqui. Agora, com uma obra que a prefeitura fez na praça Lígia Salgado, a água sobe um metro em qualquer chuva. É a segunda vez que perdemos tudo em dois meses. A outra foi no Natal", disse a vendedora Cláudia Aparecida Barcelos, 36.
Os moradores vizinhos ao córrego do Cordeiro passaram a madrugada desabrigados. "Eu dormi sentada, com minha filha de um ano e meio no colo", disse Kátia Alves da Silva, 24 anos. "Minha vizinha subiu no beliche e quebrou as telhas do teto de casa para escapar", disse a estudante Roberta Matos.

Subprefeitura
A Subprefeitura de Cidade Ademar negou ontem que moradores de Americanópolis não receberam ajuda após a enchente. Segundo o órgão, foram distribuídas cem cestas básicas e 200 kits de colchões e cobertores para os atingidos.
A subprefeitura negou que o motivo da enchente tenha sido a obra na praça Lígia Salgado. Segundo o órgão, o córrego do Carneiro transbordou devido à força da chuva e não apenas no local da obra, mas também em outros pontos. A subprefeitura alegou ainda que o local onde Jeovanice Marques de Carvalho morreu é afastado da obra. A distância é de cerca de 500 m.
A subprefeitura disse que havia um teatro de arena no local, que foi reformado e confundido por moradores com um piscinão. A subprefeitura também disse que há um projeto para construção de oito piscinões naquela área, ainda sem licitação. Ainda de acordo com o órgão, havia uma equipe empenhada na limpeza da área e na remoção dos entulhos.


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