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Enchentes provocam protestos na zona sul
Moradores de Americanópolis queimam objetos em ato contra obra da prefeitura
Para manifestantes, reforma em praça agravou as cheias, mas subprefeitura nega; no último sábado, mulher morreu afogada em casa
DO "AGORA"
Moradores de Americanópolis (zona sul de SP), onde uma
mulher morreu afogada dentro
de casa devido às enchentes
causadas pelas fortes chuvas do
último sábado, protestaram
queimando móveis e colchões.
Segundo eles, as enchentes
pioraram após uma obra municipal ter sido realizada em uma
praça, o que a administração
nega. Moradora do bairro, a
servidora pública Jeovanice
Marques de Carvalho, 52, morreu afogada dentro da própria
casa durante o temporal. Ela ficou prensada entre a parede e
um armário que flutuou com a
correnteza.
Revoltados, cerca de 50 moradores do local fizeram uma
grande fogueira com móveis,
colchões e eletrodomésticos.
Eles também impediram que
agentes da Subprefeitura de Cidade Ademar retirassem o entulho. A cada novo móvel lançado na fogueira, os manifestantes gritavam.
O fogo só foi dissipado uma
hora depois, após negociação
dos manifestantes com a Polícia Militar. Só então o que foi
destruído foi levado pelos
agentes da subprefeitura. Não
houve prisões nem feridos. Outros pontos do bairro também
tiveram fogueiras.
"Antes não alagava tanto assim aqui. Agora, com uma obra
que a prefeitura fez na praça Lígia Salgado, a água sobe um metro em qualquer chuva. É a segunda vez que perdemos tudo
em dois meses. A outra foi no
Natal", disse a vendedora Cláudia Aparecida Barcelos, 36.
Os moradores vizinhos ao
córrego do Cordeiro passaram
a madrugada desabrigados. "Eu
dormi sentada, com minha filha de um ano e meio no colo",
disse Kátia Alves da Silva, 24
anos. "Minha vizinha subiu no
beliche e quebrou as telhas do
teto de casa para escapar", disse
a estudante Roberta Matos.
Subprefeitura
A Subprefeitura de Cidade
Ademar negou ontem que moradores de Americanópolis não
receberam ajuda após a enchente. Segundo o órgão, foram
distribuídas cem cestas básicas
e 200 kits de colchões e cobertores para os atingidos.
A subprefeitura negou que o
motivo da enchente tenha sido
a obra na praça Lígia Salgado.
Segundo o órgão, o córrego do
Carneiro transbordou devido à
força da chuva e não apenas no
local da obra, mas também em
outros pontos. A subprefeitura
alegou ainda que o local onde
Jeovanice Marques de Carvalho morreu é afastado da obra.
A distância é de cerca de 500 m.
A subprefeitura disse que havia um teatro de arena no local,
que foi reformado e confundido por moradores com um piscinão. A subprefeitura também
disse que há um projeto para
construção de oito piscinões
naquela área, ainda sem licitação. Ainda de acordo com o órgão, havia uma equipe empenhada na limpeza da área e na
remoção dos entulhos.
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