São Paulo, quinta-feira, 09 de março de 2000


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Técnico responsabiliza o governo estadual

da Sucursal do Rio

Os vazamentos da Cedae que despejaram cerca de 5 milhões de litros de esgoto sem qualquer tratamento na lagoa Rodrigo de Freitas (zona sul do Rio), no início de fevereiro, foram os principais responsáveis pela morte de mais de cem toneladas de peixes durante o Carnaval.
Segundo a análise do especialista em engenharia costeira e oceanográfica da Coppe-UFRJ (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Paulo Rosman, o volume de esgoto que é normalmente despejado na lagoa não provocaria um acidente com essas proporções.
Ele explica, ainda, que a grande quantidade de detritos sem tratamento tende a provocar a morte dos peixes cerca de um mês depois, como ocorreu.
A prefeitura do Rio já puniu a Cedae com um total de R$ 5,6 milhões em multas neste ano, por três diferentes vazamentos de esgoto na lagoa Rodrigo de Freitas.
O presidente da Cedae, Alberto Gomes, disse ontem que a empresa "não pagou e nem vai pagar" as multas. Ele afirma que não é esgoto, mas água que vem vazando da tubulação. "Vou ter que parar os investimentos para pagar multas?", questionou.
Desde a morte dos peixes na lagoa, no último domingo, a empresa e a prefeitura vêm trocando acusações sobre a responsabilidade do acidente ecológico.
Rosman afirma que a única solução para a lagoa, inclusive em casos de vazamentos, é tornar o canal do Jardim de Alá (na zona sul do Rio, onde acontece a troca de água entre a lagoa e o mar) mais comprido, largo e profundo.
Desse modo, o volume de troca de água vai atingir, diariamente, o equivalente a 30% do total da água da lagoa, gerando mais oxigenação. Atualmente, segundo Rosman, o volume trocado não atinge nem 1% do total.
Com a renovação permanente da água, mesmo grandes quantidades de detritos, como as geradas pelos vazamentos, podem ser diluídas com mais facilidade.
Segundo o engenheiro, as lagoas da Barra da Tijuca, mais poluídas que a Rodrigo de Freitas, não correm o risco de morte de grande quantidade de peixes por serem maiores.


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