São Paulo, sexta-feira, 09 de março de 2001

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Prefeitura retoma atendimento em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Até o fim do ano, a Prefeitura de São Paulo promete retomar o atendimento a mulheres vítimas de violências sexual e doméstica em todas as unidades básicas de saúde e em dois hospitais sob responsabilidade do município.
O serviço da unidade da Vila Jacuí (zona leste) foi inaugurado ontem à tarde. Até maio, mais quatro postos de saúde (nas zonas sudeste, sul, sudoeste e mais um na zona leste) farão o atendimento, que inclui assistências médica e psicológica e encaminhamento da vítima, quando necessário, para abrigos ou hospitais.
Na opinião da prefeita Marta Suplicy (PT), a mulher vítima de violência procura primeiro ajuda médica, e não policial. "Ela está tão arrebentada que vai a um posto de saúde, não a uma delegacia."
A realização de abortos legais (quando a mulher sofreu estupro ou corre risco de morte com a gravidez) também está sendo reorganizada no hospital do Jabaquara (zona sul de SP) e no da Vila Nova Cachoeirinha (zona norte).
Iniciados na gestão Luiza Erundina (89-92), os serviços estavam desmontados e praticamente parados, segundo Maria José de Oliveira Araújo, assistente técnica da área de saúde da mulher da Secretaria Municipal da Saúde.
No Jabaquara, primeiro hospital da América Latina a realizar abortos legais, foram feitas 200 intervenções nos últimos oito anos. "É pouco, mas as estatísticas desse tipo de aborto são pequenas porque muitas mulheres não conhecem seus direitos", diz Maria José.
Também na área de atendimento à mulher, Marta reinaugurou ontem à tarde a Casa Abrigo Helenira Rezende de Souza Nazareth, que pode acolher, por um período inicial de 120 dias, até 30 mulheres vítimas de violência e seus filhos.
A casa estava fechada porque seu endereço, que é secreto, havia sido descoberto.
Durante a inauguração, o secretário da Saúde, Eduardo Jorge, propôs a realização de um grande seminário que discuta o crescimento da violência. "Teremos de enfrentar a violência como se fosse a Aids. Temos de pensar como enfrentar essa nova epidemia, da barbárie e do ódio", disse ele.
Ao discursar, a prefeita afirmou que o crescimento da violência é resultado da política do governo federal. "Tem muito a ver com diferenças econômicas, com desemprego. E aí sobra para o mais fraco, a mulher e a criança."
Marta disse ainda que, até o fim de seu governo, vai criar empregos para as mulheres. "A mulher que tem autonomia não fica um minuto a mais do que necessita."


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