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Prefeitura retoma atendimento
em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Até o fim do ano, a Prefeitura de
São Paulo promete retomar o
atendimento a mulheres vítimas
de violências sexual e doméstica
em todas as unidades básicas de
saúde e em dois hospitais sob responsabilidade do município.
O serviço da unidade da Vila Jacuí (zona leste) foi inaugurado
ontem à tarde. Até maio, mais
quatro postos de saúde (nas zonas
sudeste, sul, sudoeste e mais um
na zona leste) farão o atendimento, que inclui assistências médica
e psicológica e encaminhamento
da vítima, quando necessário, para abrigos ou hospitais.
Na opinião da prefeita Marta
Suplicy (PT), a mulher vítima de
violência procura primeiro ajuda
médica, e não policial. "Ela está
tão arrebentada que vai a um posto de saúde, não a uma delegacia."
A realização de abortos legais
(quando a mulher sofreu estupro
ou corre risco de morte com a gravidez) também está sendo reorganizada no hospital do Jabaquara
(zona sul de SP) e no da Vila Nova
Cachoeirinha (zona norte).
Iniciados na gestão Luiza Erundina (89-92), os serviços estavam
desmontados e praticamente parados, segundo Maria José de Oliveira Araújo, assistente técnica da
área de saúde da mulher da Secretaria Municipal da Saúde.
No Jabaquara, primeiro hospital da América Latina a realizar
abortos legais, foram feitas 200 intervenções nos últimos oito anos.
"É pouco, mas as estatísticas desse
tipo de aborto são pequenas porque muitas mulheres não conhecem seus direitos", diz Maria José.
Também na área de atendimento à mulher, Marta reinaugurou
ontem à tarde a Casa Abrigo Helenira Rezende de Souza Nazareth,
que pode acolher, por um período
inicial de 120 dias, até 30 mulheres
vítimas de violência e seus filhos.
A casa estava fechada porque
seu endereço, que é secreto, havia
sido descoberto.
Durante a inauguração, o secretário da Saúde, Eduardo Jorge,
propôs a realização de um grande
seminário que discuta o crescimento da violência. "Teremos de
enfrentar a violência como se fosse a Aids. Temos de pensar como
enfrentar essa nova epidemia, da
barbárie e do ódio", disse ele.
Ao discursar, a prefeita afirmou
que o crescimento da violência é
resultado da política do governo
federal. "Tem muito a ver com diferenças econômicas, com desemprego. E aí sobra para o mais
fraco, a mulher e a criança."
Marta disse ainda que, até o fim
de seu governo, vai criar empregos para as mulheres. "A mulher
que tem autonomia não fica um
minuto a mais do que necessita."
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